quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (34)

Depois de extenso intervalo, resolvemos retornar às postagens das questões de estética da literatura.

E para este reinício, nada melhor do que a transcrição do § 50 do capítulo IX da Poética de Aristóteles.

"Pelas precedentes considerações se manifesta que não é ofício de poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é posível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa (pois bem poderiam ser postos em verso as obras de Heródoto, e nem por isso deixariam de ser história, se fossem em verso o que eram em prosa) - diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o universal, e esta o particular. Por 'referir-se ao universal' entendo eu atribuir a um indivíduo de determinada natureza pensamentos e ações que, por liame de necessidade e verossimilhança, convêm a tal natureza; e ao universal, assim entendido, visa a poesia, ainda que dê nomes às suas personagens; particular, pelo contrário, é o que fez Alcibíades ou o que lhe aconteceu."


Numa adaptação necessária, em virtude dos mais de 2.300 anos que nos separam da produção da Poética, entendamos "poeta" como "escritor de literatura", e "historiador" como "jornalista". Na época em que viveu Aristóteles, tais termos não existiam.

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