quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (40)


(Livro  em debate: Teoria da Literatura de Víitor Manuel de Aguiar e Silva)


 


O autor, empreende a descrição dos códigos literários, depois de conceituar a língua, isto é, o sistema modelizante primário como um sistema de sistemas (semântico, léxico-gramatical, fonológico).

De acordo com tais sistemas a língua passa por variações (regionais, dialetos sociais, situacionais).

Pág. 100 - "O sistema e o código literários, ao constituírem-se sobre o sistema e o código linguísticos, incorporam eo ipso a heterogeneidade semiótica destes últimos - nuns casos, esbatendo e minimizando alguns dos seus aspectos, noutros casos, pelo contrário, fazendo-a avultar funcionalmente (por exemplo, na chamada literatura regionalista) - e manifestam, em conexão com aquela heterogeneidade, ou com forte autonomia em relação a ela, a sua típica heterogeneidade semiótica.

(...) o código literário configura-se como um policódigo que resulta da dinâmica intersemiótica e intra-sistémica de uma pluralidade de códigos e subcódigos pertencentes ao sistema modelizante secundário que é a literatura e que entram em relação de interdependência - nuns casos, necessariamente; noutros casos, opcionalmente - com os códigos do sistema modelizante primário e com códigos de outros sistemas modelizantes secundários."

Inicia-se, então, uma descrição detalhada dos diversos códigos do sistema modelizante secundário.

Pág. 101 - "a) Código fónico-rítmico. - Este código, que regula aspectos importantes da urdidura material dos textos literários, tanto no âmbito da prosa como no âmbito da poesia, mantém uma imediata e fundamental relação de interdependência com o código fonológico do sistema modelizante primário e com os traços e as articulações supra-segmentais dos significantes linguísticos, mas contrai também, sobretudo no que tange ao domínio do ritmo, importantes relações com o código léxico-gramatical e com o código semântico do sistema linguístico. A substância e a forma da expressão do sistema modelizante primário proporcionam os elementos materiais e semióticos sobre os quais se realiza um processo de semiotização literária que pode alcançar um grau elevado de codificação (e.g, a musicalidade subtil e difusa do verso simbolista; o ritmo da prosa oratória barroca; o ritmo da chamada prosa poética, etc.)"
...........................................................................................................................................................

"Por outro lado, no quadro do sistema modelizante secundário, este código mantém uma primordial relação de interdependência com o código métrico e pode também apresentar relações importanrtes com o código  estilístico - manifestções, por exemplo, de fono-iconismo no texto literário - e com o código que regula os valores semânticos e pragmáticos dos textos literários, em correlação com a concepção do mundo modelizada nesses textos e com a função que lhes é atribuída numa determinada situação histórico-social (o ritmo, por exemplo, de um texto poético de combate ideológico-cultural, de índole panfletária, como "A cena do ódio" de Almada Negreiros, não pode ser idêntico ao ritmo de um poema elgíaco como "O menino da sua Mãe" de Fernando Pessoa."

(continua)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças