quarta-feira, 13 de março de 2013

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (44)

Retomemos o prof. Vitor Manuel, que, em seu Teoria da Literatura, faz a descrição dos diversos códigos do sistema modelizante secundário.

Pág. 104 - "d) Código técnico-compositivo. - Este código regula a organização das macroestruturas formais do conteúdo e da expressão do texto literário (estrutura do poema épico, estrutura da tragédia, formas da narrativa, etc.). Por conseguinte, o código técnico-compositivo orienta e ordena a coerência textual de longo raio de acção ('long-range text coherence'), mediante normas opcionais e/ou constritivas de aplicação transtópica.

Dotado de acentuada autonomia perante o código lingístico - autonomia comprovada pelo facto de, na tradução de um texto literário, ser possível preservar indemnes as macroestruturas formais, ao invés do que acontece com as microestruturas -, o código técnico-compositivo apresenta relações importantes de interdependência com o código métrico - no concernente à organização das macroestruturas métricas de um texto poético -, com o código estilístico e com o código semântico-pragmático do policódigo literário. As macroestruturas reguladas pelo código técnico-compositivo relacionam as estruturas sémicas ou do conteúdo, caracterizadas pela não-linearidade, com as estruturas textuais lineares reguladas pelo código estilístico.
As influências exercidas sobre o sistema semiótico literário por outros sistemas modelizantes secundários de natureza estética - sobretudo a música, a pintura e o cinema -, embora verificáveis a qualquer nível do policódigo literário, ocorrem muito frequentemente ao nível do código técnico-compositivo."

Obs.: Mesmo quando o texto literário situe-se nos limites estruturais, por exemplo, entre o romance e a novela, ou entre o conto e a narrativa poética, ou ainda entre a prosa poética e a poesia, ou entre a prosa poética e conto, como nos tempos atuais é bastante comum, o texto, mesmo indiretamente alude a formas narrativas, que devem ser levadas em consideração. A diluição dos limites entre as formas não as elimina.

(CONTINUA)

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