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Noam Chomsky
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Que a violação das regras de categorização e das regras de subcategorização estrita origina frases agramaticais, isto é, frases com desvio sitáctico e, correlativamente, com desvio semântico - e.g., Verão leva no rio água pouca -, é um facto inquestionável, mas apresenta-se como problema de mais difícil (p.161) e controversa solução determinar se a violação de regras selectivas provoca também um desvio sintáctico ou se não afecta a gramaticalidade da frase, embora produza anomalias semânticas. O próprio Chomsky hesita em integrar na sintaxe as regras selectivas e admite a possibilidade de as incluir no componente semântico, embora acabe por reconhecer a debilidade dos argumentos aduzidos nesse sentido.
É perante uma frase como colorless green ideas sleep furiously - verso de Marvell promovido por Chomsky a arquifamoso exemplo de frase semanticamente anómala, se bem que gramatical -, o autor de Aspects of the tehory of syntax observa que frases semelhantes, as quais violam regras selectivas, podem ser amiúde interpretadas metafórica ou alusivamente, desde que integradas num adequado contexto mais ou menos complexo e mediante uma analogia directa com frases bem formadas que respeitem as regras selectivas em causa. Em contrapartida, uma similar operação interpretativa não é aplicável a frases que infrinjam regras de subcategorização estrita. Apesar de tais dúvidas e hesitações, a lógica explícita da teoria linguística chosmkyana obriga a conceber a agramaticalidade de uma frase como o resultado da violação de regras sitácticas.
Pelo contrário, os defensores da chamada semântica gerativa, atribuindo ao componente semântico uma função gerativa e não apenas interpretativa, advogam a hipótese de que a sintaxe e a semântica possuem distintos requisitos de correcta formação de frases e que, por conseguinte, a agramaticalidade de uma frase pode ser originada por violação quer de regras sintácticas, quer de regras semânticas. Em relação aos desvios e às anomalias ocorrentes na língua literária, a hipóteses propugnada pelos defensores da semântica gerativa afigura-se como mais adequada e mais produtiva do que a hipótese chomskyana da autonomia da sintaxe, sendo em geral (p. 162) adoptada pelos investigadores interessados na formulação de uma poética gerativa."
(CONTINUA)
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