terça-feira, 26 de novembro de 2013

UMA SURPRESA

Sobre CAMILO CASTELO BRANCO, li muito mais sobre ele do que sua obra.

Foi assim, quando adolescente me recomendaram Amor de perdição. Paixão imediata e irrestrita. Simão e Teresa passaram a ser pessoas da minha família. Quando me tornei professor e entrava pelo Romantismo português, sem titubear: Amor de perdição.

Anos mais tarde, comecei a desconfiar: alguma coisa não estava certa. E percebi que um autor com mais de 260  livros não poderia ser conhecido apenas por um: Amor de perdição.

Fui atrás e consegui o Brasileira de Prazins. Confesso que não me empolgou tanto quanto seu antecessor. Muita personagem, muitos lugares, uma intriga política difícil de se entender com uma leitura apenas. Respeito o livro e reconheço sua importância, mas não conseguiu me empolgar.

Até que comecei a ler Amor de salvação, que terminei há dez minutos. Então, sim, só então consegui avaliar um pouco melhor o Camilo, de cujo estilo tanto falavam.

Não creio que haja em literatura portuguesa autor com vocabulário mais rico. Não só. A fluidez de seus períodos e o humor com que narra e descreve, acredito firmemente, são inigualáveis em nossa língua. Interlocução, metalinguagem, jogos de palavras, humor e ironia que me lembraram muito o nosso Machado, são algumas das virtudes estilísticas de Camilo Castelo Branco.

Foi uma surpresa agradável para quem saiu um tanto decepcionado de seu romance naturalista. O final, bem, é um autor romântico e do mais exacerbado Romantismo, o do amor/paixão, com todos os seus exageros. Mas que linguagem! Supimpa. 

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