quarta-feira, 16 de setembro de 2015

CANTIGAS DE AMIGOS


O poema que segue é de meu amigo Iacyr Anderson Freitas e está em seu livro A soleira e o século.


À distância

Tudo o que digo
já nasce com vinte séculos de idade.
Este verso tem mil e duzentos anos.
Tu, leitor, és apenas uma miragem
da antiguidade.



À distância
te assemelhas a um a coluna grega.
És uma coluna grega
uma esfinge um manuscrito
uma odisseia.

Agora sabes
essa palavra demasiado escura
para o teu desterro.

No céu da boca
essa palavra ecoa, fica doendo.
Ali
há uma brisa entre folhagens
onde o tempo retrocede.

Uma brisa congelada entre palavras.

Nesse momento sabes
que Sísifo empurra a sua pedra,
que a súplica vem ferir novamente
os trinta mil anos que acorrentaram
Prometeu a seu pecado.

Nesse momento sabes
que tudo está vivo em ti,
que em ti
tudo se revolve.

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