sábado, 20 de fevereiro de 2016

ESPIANDO POR DENTRO


Esta coluna reúne análises de textos literários preparadas por Menalton Braff e publicadas originalmente no site do escritor.

O Primo Basílio
Preparação: Prof. Menalton Braff

A Obra 

O Primo Basílio, é considerado seu segundo romance realista.

Tema 

Constituição moral da família na burguesia média de Lisboa.

Figuras

Um caso de bovarismo.

Efabulação

Luísa é esposa de um engenheiro de minas, Jorge, que tem de partir para o norte do país, onde deverá permanecer por longo tempo.

Mesmo cercada de amigos, Luísa sente a solidão, quando chega do Brasil antigo namorado, seu primo Basílio. Protótipo do conquistador-barato, Basílio dá em cima de Luísa, que acaba cedendo a sua insistência. Passam a encontrar-se quase todas as tardes no Paraíso. Entediado logo depois da conquista, Basílio começa a retirar-se. Os dois trocam algumas cartas, algumas das quais caem nas
mãos de Juliana, a criada velha e doente. A partir daí a vida de Luísa torna-se um inferno. Juliana, depois de fazer a patroa sofrer as piores agruras, resolve fazer-se independente, usando para isso as cartas, que com muito zelo mantém guardadas. Ao apelar para Basílio, Luísa percebe com que tipo humano estivera lidando. Jorge retorna de viagem, estranha o comportamento e o aspecto da esposa.
Luísa, mortificada e com medo contrai uma febre maligna, fruto, também, dos sacrifícios a que fora submetida por Juliana. Ao lado do leito da moribunda, Jorge promete, depois de tudo haver descoberto, o seu perdão. De nada mais adianta. Luísa acaba morrendo.

"Com O Primo Basílio, Eça desloca-se para a cidade, a sondar as mesmas moléstias degenerescentes no centro nevrálgico da Nação, a Capital: o ficcionista penetra agora no recesso dum lar burguês pretensamente sólido e feliz, e nele descobre a existência de igual podridão moral e física; um matrimônio efetuado "no ar" por Luísa, uma adolescente tonta de todo e cheia duma vida imaginativa e vegetativa, revela-se frágil com o afastamento do marido, Jorge, que viaja para o Alentejo..." (Massaud Moisés. A Literatura Portuguesa).

Aspectos a destacar:

O tema do adultério - tão caro ao Realismo.
A crítica implícita à educação romanesca da adolescente.
A vacuidade cultural das rodas burguesas e intelectuais de Lisboa, na figura do Conselheiro Acácio. O abandono em que vivem os subalternos e o ódio que daí nasce - denúncia social.

Algumas abordagens do amor:

Jorge - Luísa - Basílio : o adultério
D. Felicidade - Conselheiro Acácio - empregada: prosaísmo

Leopoldina - seus vários maridos: prostituição de luxo.

O Autor

Eça de Queirós (José Maria Eça de Queirós) nasceu em Póvoa de Varzim em 1845 e morreu em Paris em 1900.

Filho bastardo, situação depois regularizada, viveu até a adolescência afastado dos pais.

Fez o curso de Direito em Coimbra, onde tornou-se amigo dos estudantes que lideravam a Questão Coimbrã (1865). Não participou, todavia, do movimento.

Já em Lisboa, formado, participou do desdobramento da Questão, proferindo algumas das palestras das Conferências Democráticas do Casino de Lisboa.

Pouco praticou das leis para as quais se havia formado. Logo abraçou o jornalismo. Nesta qualidade assiste à inauguração do Canal de Suez.

Quando regressou decidiu-se pela diplomacia. Como condição para a careira, teve de passar seis meses em Leiria, como administrador do Concelho. Serviu em Cuba, Inglaterra e finalmente em Paris.

De sua primeira fase literária, ficaram as Prosas Bárbaras e o Mistério da Estrada de Sintra.

Da segunda fase, a fase realista, são: O Crime do Padre Amaro, romance com que inaugurou o 
Realismo em prosa, em 1875, em Portugal.

Seguem-lhe O Primo Basílio, Os Maias, O Mandarim, A Relíquia e Contos.

Na terceira fase, o autor abandona os pressupostos realistas e as idéias de progresso e modernidade. 

São dessa última fase A Ilustre Casa de Ramires e A Cidade e as Serras.

Caracteriza-se pela habilidade efabulativa, certo tom irônico, satírico, análises psicológicas profundas e detalhadas. Foi muitas vezes acusado de estrangeirista, pelo vezo de empregar palavras estrangeiras, principalmente da língua francesa, costume que lhe veio do próprio modo de vida como diplomata. A denúncia social não lhe é estranha.

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