
Esta coluna reúne análises de textos literários preparadas por Menalton Braff e publicadas originalmente no site do escritor.
Preparação: Prof. Menalton Braff
A Obra
O Primo Basílio, é considerado seu segundo romance
realista.
Tema
Constituição moral da família na burguesia média de
Lisboa.
Figuras
Um caso de bovarismo.
Efabulação
Luísa é esposa de um engenheiro de minas, Jorge,
que tem de partir para o norte do país, onde deverá permanecer por longo tempo.
Mesmo cercada de amigos, Luísa sente a solidão, quando chega
do Brasil antigo namorado, seu primo Basílio. Protótipo do conquistador-barato,
Basílio dá em cima de Luísa, que acaba cedendo a sua insistência. Passam a
encontrar-se quase todas as tardes no Paraíso. Entediado logo depois da conquista,
Basílio começa a retirar-se. Os dois trocam algumas cartas, algumas das quais
caem nas
mãos de Juliana, a criada velha e doente. A partir daí a vida de Luísa
torna-se um inferno. Juliana, depois de fazer a patroa sofrer as piores agruras,
resolve fazer-se independente, usando para isso as cartas, que com muito zelo
mantém guardadas. Ao apelar para Basílio, Luísa percebe com que tipo humano
estivera lidando. Jorge retorna de viagem, estranha o comportamento e o aspecto
da esposa.
Luísa, mortificada e com medo contrai uma febre maligna,
fruto, também, dos sacrifícios a que fora submetida por Juliana. Ao lado do
leito da moribunda, Jorge promete, depois de tudo haver descoberto, o seu perdão.
De nada mais adianta. Luísa acaba morrendo.
"Com O Primo Basílio, Eça desloca-se para a cidade, a
sondar as mesmas moléstias degenerescentes no centro nevrálgico da Nação, a
Capital: o ficcionista penetra agora no recesso dum lar burguês pretensamente sólido
e feliz, e nele descobre a existência de igual podridão moral e física; um
matrimônio efetuado "no ar" por Luísa, uma adolescente tonta de todo
e cheia duma vida imaginativa e vegetativa, revela-se frágil com o afastamento
do marido, Jorge, que viaja para o Alentejo..." (Massaud Moisés. A
Literatura Portuguesa).
Aspectos a destacar:
O tema do adultério - tão caro ao Realismo.
A crítica implícita à educação romanesca da adolescente.
A vacuidade cultural das rodas burguesas e intelectuais de
Lisboa, na figura do Conselheiro Acácio. O abandono em que vivem os subalternos
e o ódio que daí nasce - denúncia social.
Algumas abordagens do amor:
Jorge - Luísa - Basílio : o adultério
D. Felicidade - Conselheiro Acácio - empregada: prosaísmo
Leopoldina - seus vários maridos: prostituição de luxo.
O Autor
Eça de Queirós (José Maria Eça de Queirós) nasceu em Póvoa
de Varzim em 1845 e morreu em Paris em 1900.
Filho bastardo, situação depois regularizada, viveu até a
adolescência afastado dos pais.
Fez o curso de Direito em Coimbra, onde tornou-se amigo dos
estudantes que lideravam a Questão Coimbrã (1865). Não participou, todavia, do movimento.
Já em Lisboa, formado, participou do desdobramento da
Questão, proferindo algumas das palestras das Conferências Democráticas do Casino
de Lisboa.
Pouco praticou das leis para as quais se havia formado. Logo
abraçou o jornalismo. Nesta qualidade assiste à inauguração do Canal de Suez.
Quando regressou decidiu-se pela diplomacia. Como condição
para a careira, teve de passar seis meses em Leiria, como administrador do Concelho.
Serviu em Cuba, Inglaterra e finalmente em Paris.
De sua primeira fase literária, ficaram as Prosas Bárbaras e
o Mistério da Estrada de Sintra.
Da segunda fase, a fase realista, são: O Crime do Padre
Amaro, romance com que inaugurou o
Realismo em prosa, em 1875, em Portugal.
Seguem-lhe O Primo Basílio, Os Maias, O Mandarim, A Relíquia
e Contos.
Na terceira fase, o autor abandona os pressupostos realistas
e as idéias de progresso e modernidade.
São dessa última fase A Ilustre Casa de
Ramires e A Cidade e as Serras.
Caracteriza-se pela habilidade efabulativa, certo tom
irônico, satírico, análises psicológicas profundas e detalhadas. Foi muitas
vezes acusado de estrangeirista, pelo vezo de empregar palavras estrangeiras, principalmente
da língua francesa, costume que lhe veio do próprio modo de vida como
diplomata. A denúncia social não lhe é estranha.
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