
Carlos Herculano Lopes ( Do livro Coração aos pulos, Editora
Record, Prêmio Especial do Juri da União Brasileira de Escritores)
Os seus cabelos eram negros e compridos; os lábios carnudos
e os dentes amarelados. Conheci-a por acaso nos muros de uma igreja onde à
noite, tocando violão ou olhando para a lua, as pessoas costumavam ficar.
Estivemos mais em silêncio do que falamos. Ela fumou vários cigarros, tossia
sem parar e às vezes me olhava. Daí a algum tempo disse-me que estava cansada e
queria ir andando. Então acompanhei-a até a sua pousada, que ficava de frente
para o mar, junto a umas velhas mangueiras. Quando me preparava para despedir,
ela me convidou para entrar, mais com gesto do que com palavras. Abriu uma
garrafa de vinho e disse para eu ir bebendo, enquanto ela tomava um banho.
Depois, ainda com os cabelos molhados, falou-me um pouco de sua vida, de alguns
de seus planos e de uma filha, que morava longe. Horas mais tarde os nossos
corpos, quentes pela lua e a bebida, se entregaram.
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