Esta coluna reúne análises literárias elaboradas por Menalton Braff e publicadas originalmente em seu site. A obra analisada na postagem de hoje é "O Noviço", de Martins Pena, considerado o maior teatrólogo brasileiro do século XIX. A peça foi escrita em 1845 e é encenada até hoje.
Livro Analisado: O Noviço
Livro Analisado: O Noviço
Autor: Martins Pena
Preparação: Prof. Menalton Braff
A obra
1o. Ato
Apresentação do tema e introdução dos conflitos.
Tema:
O mal é sempre castigado
O mal é sempre castigado
Conflitos:
Ambrósio, um espertalhão, abandona a esposa no nordeste e casa-se novamente no Rio de Janeiro com Florência, viúva rica. Para ficar com toda a fortuna de Florência, convence a esposa a encaminhar para a vida religiosa tanto a filha, Emília, como o filho, Juca. Para seu azar, existe na família um sobrinho de Florência, Carlos, também herdeiro, que depois de ser posto à força no
convento, acaba fugindo de lá, pois não tem vocação religiosa, além de ser apaixonado por Emília.
convento, acaba fugindo de lá, pois não tem vocação religiosa, além de ser apaixonado por Emília.
O primeiro ato termina em uma tremenda confusão, com a chegada de Rosa, a primeira esposa de Ambrósio, que é descoberto no Rio.
2o. Ato
No segundo ato, Carlos dá continuidade às suas maquinações para ver-se livre da batina ao mesmo tempo em que planejo um castigo para Ambrósio. Passando por mil peripécias, Florência acaba descobrindo o logro em que caíra.
3o. Ato
Florência tenta libertar o sobrinho, preso no convento por ordem de Ambrósio. Carlos consegue escapar, escondendo-se na casa da tia. Assiste à chegada de Florêncio, que fugia da polícia, denunciado que fora pelas esposas. Ambrósio usa um disfarce e quase consegue roubar uma fortuna de Florência para evadirse. Há uma tremenda confusão, com escrivães, padres, familiares, e , por fim, Ambrósio é aprisionado, confirmando o tema central da história.
Comentário
Tradição: Castigat ridendo mores
Vários recursos teatrais ingênuos:
- disfarce,|
- esconderijo,|
- pequenas ambigüidades|
- apartes ao público|
- humor
Ambrósio - É essa compaixão mal-entendida! O que é este mundo? Um pélago de enganos e traições, um escolho em que naufragam a felicidade e as doces ilusões da vida. E o que é o convento? Porto de salvação e ventura, asilo da virtude, único abrigo da inocência e verdadeira felicidade... E deve uma mãe carinhosa hesitar na escolha entre o mundo e o convento?
Comédia de costumes:
Martins Pena explora aspectos da família do século passado, que deveria, por questões de "status", ter pelo menos um filho padre.(ref. a Juca)
Romantismo:
A visão da mulher é a de um ser frágil a ser protegido pelo homem. Florência é extremamente ingênua.
A visão da mulher é a de um ser frágil a ser protegido pelo homem. Florência é extremamente ingênua.
Ex.: Se eu soubesse que havia de ser sempre tão feliz, casar-me-ia cinqüenta.
Cena ingênua, mas cômica:
Rosa está desmaiada. Carlos tenta acordá-la.
Carlos - Está bom, dá cá o vinagre. (Toma o vinagre e o chega ao nariz de
Rosa). Não serve; está na mesma. Toma... Vejamos se o azeite faz mais
efeito. Isto parece-me uma salada... Azeite e vinagre. Ainda está mal
temperada; venha a pimenta da Índia. Agora creio que não falta nada.
Pior é essa; a salada ainda não está boa! Ai, que não tem sal. Bravo, está
temperada! Venha mais sal... Agora sim.
Rosa torna a si.
Dos disfarces:
Carlos fantasia-se de mulher, enganando a todos;
Rosa disfarça-se de noviço, enganando a todos.
Ambrósio também usa disfarce feminino. Etc.
Níveis de fala:
Martins Pena usa, em suas peças, dos diversos registros com muita propriedade. Personagens consideradas incultas chegam a cometer barbarismos e solecismos. Personagens consideradas cultas, usam o registro culto da linguagem.
O autor:
Martins Pena
1815-R.Janeiro
1848-Lisboa (em trânsito)
1835 - Cursa a Academia de Belas-Artes
1838 - Encenada sua primeira peça: Juiz de Paz na Roça
1838 - Amanuense
1847 - Adido da legação brasileira em Londres Criador da comédia brasileira. O maior teatrólogo brasileiro do século XIX com 28 peças entre dramas e comédias
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