
MOTIVOS
O peso da gravata é uma coletânea de 18 contos que foram escritos num período de aproximadamente dez anos (2006 a 2016). O livro representa uma incursão por territórios que eu pouco tinha experimentado até então.
Alguns contos cabem na classificação do realismo mágico, tanto do metafísico quanto do ontológico, e um ou outro conto, por exemplo Na janela do velho sobrado que mais corretamente se pode classificar como fantástico tradicional.
Mas há também (cerca da metade do livro) contos realistas, como O enterro de Osmar Belmonte e A dona da casa.
Difícil resumir o motivo de cada conto num texto despretensioso como este. Por isso, me atenho ao primeiro e ao último.
O peso da gravata, o primeiro conto e aquele que dá título ao livro, é o resultado da observação diária das atitudes e crenças das pessoas. Enfim, a conclusão de que quanto mais alto o nível de civilização de um povo, maiores são seus impedimentos, mais prováveis suas neuroses que resultam da luta entre o id e o ego. O acúmulo cada vez maior de compromisso, as obrigações de que não se pode fugir, acabam provocando a
ruptura com o comportamento considerado normal. Me parece que há alguma coisa de Freud aí.
Jardim Europa foi sugestão do noticiário de uma época e que na verdade tornou-se o noticiário mais constantes na atualidade. Mas a ideia inicial me veio tanto de alguns documentários em que aparecem manadas imensas de animais de grande porte atravessando grandes territórios atrás de sobrevivência como da observação de aves locais que migram em busca de alimento. Campos virados em que as sementes de gramíneas desaparecem, afastam também algumas espécies de passarinhos que vão
buscar seu alimento em outros espaços, onde se estabelecem.
A invasão de africanos e asiáticos é um problema para a Europa, que não consegue deter os invasores. O ser humano, como qualquer outro animal, percorre percursos perigosos, sabe que pode morrer nesse caminho, mas precisa buscar um espaço onde possa sobreviver. Um condomínio fechado com o nome de Jardim Europa é a alegoria do que ocorre atualmente no mundo.
O livro foi publicado em 2016 pela Primavera Editorial.
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