Acesse a publicação original no Valor Econômico
Esta coluna reproduz críticas e resenhas sobre livros de Menalton Braff veiculadas em outros canais. O texto a seguir foi publicado originalmente no jornal VALOR ECONÔMICO na época do lançamento do livro TAPETE DE SILÊNCIO .
Um crime oculto pelo falso moralismo
Por Marcelo LyraO escritor gaúcho Menalton Braff, vencedor do Prêmio Jabuti de 2000 por "À Sombra do Cipreste", confirma sua vocação para narrativas densas e sombrias neste novo livro, que conta a história de um grupo de dez homens de uma pequena cidade do interior, que se reúne numa noite chuvosa.
Inicialmente nada se sabe sobre eles ou seu objetivo, embora fique evidente que se trata de algo perigoso e ilegal. Os homens vão chegando à praça um a um enquanto o autor vai fornecendo elementos que permitem ao leitor montar o quebra-cabeça. Tudo faz parte de um acerto de contas a mando de um coronel local.
Braff cria um tabuleiro de xadrez não linear, alternando a narrativa em primeira pessoa de Osório, um bem-sucedido comerciante que lidera o bando, ao relato do que ele chama de coro, uma narrativa em terceira pessoa, que reconstrói os acontecimentos anteriores àquela reunião de homens que
motivaram sua missão misteriosa. Aos poucos tudo vai ficando claro. Osório foi encarregado pelo senhor Madeira de matar o trapezista de um circo itinerante que, ao chegar à cidade, seduziu e engravidou sua filha.
Muito da maledicência e falso moralismo das pequenas cidades é posto em questão. Uma das amigas da filha do coronel era malfalada por ter deixado a cidade para esconder uma gravidez, quando na verdade ainda era virgem na época da viagem e fora difamada por um pretendente rejeitado por ela. Fofocas, inveja e rancor pululam por baixo da fachada moralista que todos os moradores se esforçam para manter.
Depois que a filha foge com o trapezista, todo o aparato policial da cidade é mobilizado e todos só descansam quando ambos são capturados e levados de volta à cidade. Nas entrelinhas, percebe-se o prazer com que os moradores se aglomeram para ver a filha do homem mais poderoso da cidade chegar à delegacia de camburão.
A ambientação dos livros de mmistério é o recurso usado por Braff para dar mais densidade ao drama psicológico no qual a teia de favores e submissão regionais, encabeçada pelo coronel, faz que pessoas pacíficas sejam levadas a cometer um crime. Nenhum deles é criminoso ou demonstra vocação para um assassinato. Pelo contrário, são homens de bem da comunidade local: o farmacêutico, um comerciante, pessoas comuns e respeitáveis, muitos pais de família. Todos estão ali obrigados por questões de lealdade e servilismo. Vão fazer algo que normalmente nunca fariam por causa de anos de favores recebidos pelo senhor Madeira, típico representante do coronelismo interiorano.
sedutor demonstram uma raiva exacerbada, traindo o próprio interesse na mocinha seduzida. No fundo não seriam eles mesmos capazes de cometer o crime que agora tentam punir?
"Tapete de Silêncio" Menalton Braff Global Editora 112 págs, R$ 29,00 / BBB
AAA Excepcional / AA+ Alta qualidade / BBB Acima da média / BB+ Moderado / CCC Baixa qualidade / C Alto risco
Crîtica publicada no jornal Valor Econômico.
Acesse a publicação original no jornal VALOR ECONÔMICO
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