quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

CRÍTICA LITERÁRIA

Esta coluna, iniciada em outubro, reúne críticas literárias. As primeiras postagens conterão textos de Wagner Coriolano de Abreu, publicados originalmente no livro SEMPRE AOS PARES, lançado pela Carta Editora.


CARPINEJAR

(Wagner Coriolano de Abreu)

Parece que foi ontem, mas temos uma distância de 12 anos – marca de qualidade do uísque – nos separando da estreia de Fabrício Carpinejar, com aqueles versos de As solas do sol. Falando bem sério, dei pouca bola para os estertores de um novo poeta. Em 2000, quando apareceu Um terno de pássaros ao Sul, cai de frente com a poesia incontornável iniciada pelo verso Volta ao pampa, pai. Começaram as leituras daqueles poemas, nos quais apareciam sonoridades e ritmos como se fosse uma nova etapa da poesia brasileira.

O Fabrício escrevia alguma prosa por ofício e enorme alegria de  
escrever, como declarou à jornalista Liliane Pelegrini, de Belo Horizonte. Mas ainda nos trouxe outros versos em Terceira sede: elegias, Biografia de uma árvore e Caixa de sapatos, uma seleta de poemas escolhidos por ele mesmo, publicada pela Companhia das Letras, em 2003. Nesse tempo, enquanto tecia versos e manhãs, deu curso ao ofício de cronista, mostrando-se afinado com o cotidiano, com o acento de quem anda pelo mundo. Passamos, os leitores, a ter um poeta cronista como nos tempos de Drummond, nos anos 1980.

A reunião das crônicas, sob o título O amor esquece de começar (2006), marca uma segunda estreia, tempos de prosa, o poeta todo prosa, como disseram na tribuna impressa porto-alegrense. Gaúcho das cidades, nascido em Caxias do Sul, andado em São Leopoldo, aquerenciado em Porto Alegre, o poeta Carpinejar ganha o mundo, por cidades brasileiras e estrangeiras, levando a prosa e espalhando os versos, inclusive quando conversa sobre as influências e paixões de leitor. Em Cecília de bolso, antologia que organizou em 2009, para uma coleção da L&PM, demonstra o apreço pela poesia de Cecília Meireles, uma das maiores autoras da língua portuguesa.

A leitura da obra de Carpinejar nos oferece o sentido de riqueza, que aparentemente se perdeu com as tecnologias e com a velocidade dos novos tempos. O poeta foi dos primeiros a ingressar na cultura digital, por meio de blog, site e twitter, de onde reuniu A poesia em 140 caracteres, publicada em livro. No site, encontramos a relação dos títulos, verso e prosa, literatura infanto-juvenil, crônicas reunidas, bem como o que os críticos destacam da obra. Vale a pena visitar o link de entrevistas, no qual se lê quase diretamente a opinião do Fabrício sobre o exercício de escritor e de viver. E, com cuidado, o leitor 
achará um texto intitulado Autorretrato, onde apresenta o projeto pessoal para os próximos 10 anos, com o verso Não lembrar que sou feliz para procurar mais felicidade em mim.

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