NATAL E LITERATURA
(Wagner Coriolano de Abreu)
A premissa básica da conversa sobre Natal através da
literatura reside na aceitação do Cristo que foi feito como homem. Nesse sentido,
o tema proposto exige uma compreensão da História. Sob os auspícios do Império Romano, o historiador Flávio
Josefo escreveu sobre os hebreus e deu notícias do nascimento do menino cuja
estrela se tornaria sinal de presença divina e promessa de reconciliação.
A história do evento natalino, portanto, inscreve-se para a
posteridade não apenas através da escrita apostólica, mas também pela escrita
oficial representada pelo soldado que serviu aos romanos. No século XX, o
escritor norte-americano Gore Vidal se notabilizou por tratar do tema da
inserção do cristianismo na história romana em seu romance intitulado Juliano.
Em face da história do Natal, a palavra literatura pode ser
entendida em pelo menos dois sentidos.
Em sentido geral, são os escritos que fazem referência ao
evento, a Bíblia, a história, o folclore e os registros da arte. A literatura natalina
inclui os escritos dos profetas que antecederam ao episódio, no curso do tempo.
José Schiavo, em seu dicionário de personagens bíblicos, diz que Isaías
proclama que o menino nasceria de uma virgem, Amós diz que sairia de uma tribo
de Davi, Miquéias anuncia que nasceria em Belém, Naum diz que faria a pregação
evangélica, Jeremias previa a infidelidade para com Ele e seu sacrifício, assim
como fala das dores e da encarnação, Baruc celebra seu aparecimento entre os homens,
Daniel utiliza a expressão filho do homem, Ageu prediz sua entrada no templo,
enfim, Malaquias fala no precursor que lhe prepararia os caminhos. O poeta e
professor gaúcho Armindo Trevisan, recentemente, fez publicar o seu estudo
minucioso sobre o filho do homem no livro O rosto de Cristo.
Em sentido estrito, como se fala atualmente na escola, a
literatura reúne os escritos com arte, a poesia, o teatro e, sobretudo, a narrativa
ficcional. A respeito desta produção em prosa, e para ficar no exemplo
brasileiro, temos que lembrar o conto Missa do galo, de Machado de Assis. O
grande escritor foi matriz de vários escritores modernos que a seu conto
fizeram referência. No Sul, o conto O menininho do presépio, de João Simões
Lopes Neto, é famoso. Contudo, a diversidade prevaleceu e a literatura
brasileira tornou-se um mar de histórias natalinas.
A literatura, sem dúvida, anunciou o acontecimento Natal entre
nós e deixou um rastro dessa história como uma biblioteca aberta ao público.
Outras narrativas literárias podem ser encontradas nas antologias de contos
intituladas A palavra é Natal e Contos para um Natal brasileiro. A literatura
pode ser o nosso perene advento. Então é Natal.
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