quinta-feira, 12 de março de 2020

CRÍTICA LITERÁRIA

Esta coluna reúne críticas literárias de Wagner Coriolano de Abreu, publicados originalmente no livro SEMPRE AOS PARES, lançado pela Carta Editora.


NATAL E LITERATURA


(Wagner Coriolano de Abreu)


A premissa básica da conversa sobre Natal através da literatura reside na aceitação do Cristo que foi feito como homem. Nesse sentido, o tema proposto exige uma compreensão da História. Sob os auspícios do Império Romano, o historiador Flávio Josefo escreveu sobre os hebreus e deu notícias do nascimento do menino cuja estrela se tornaria sinal de presença divina e promessa de reconciliação.

A história do evento natalino, portanto, inscreve-se para a posteridade não apenas através da escrita apostólica, mas também pela escrita oficial representada pelo soldado que serviu aos romanos. No século XX, o escritor norte-americano Gore Vidal se notabilizou por tratar do tema da inserção do cristianismo na história romana em seu romance intitulado Juliano.

Em face da história do Natal, a palavra literatura pode ser entendida em pelo menos dois sentidos.
Em sentido geral, são os escritos que fazem referência ao evento, a Bíblia, a história, o folclore e os registros da arte. A literatura natalina inclui os escritos dos profetas que antecederam ao episódio, no curso do tempo. José Schiavo, em seu dicionário de personagens bíblicos, diz que Isaías proclama que o menino nasceria de uma virgem, Amós diz que sairia de uma tribo de Davi, Miquéias anuncia que nasceria em Belém, Naum diz que faria a pregação evangélica, Jeremias previa a infidelidade para com Ele e seu sacrifício, assim como fala das dores e da encarnação, Baruc celebra seu aparecimento entre os homens, Daniel utiliza a expressão filho do homem, Ageu prediz sua entrada no templo, enfim, Malaquias fala no precursor que lhe prepararia os caminhos. O poeta e professor gaúcho Armindo Trevisan, recentemente, fez publicar o seu estudo minucioso sobre o filho do homem no livro O rosto de Cristo.

Em sentido estrito, como se fala atualmente na escola, a literatura reúne os escritos com arte, a poesia, o teatro e, sobretudo, a narrativa ficcional. A respeito desta produção em prosa, e para ficar no exemplo brasileiro, temos que lembrar o conto Missa do galo, de Machado de Assis. O grande escritor foi matriz de vários escritores modernos que a seu conto fizeram referência. No Sul, o conto O menininho do presépio, de João Simões Lopes Neto, é famoso. Contudo, a diversidade prevaleceu e a literatura brasileira tornou-se um mar de histórias natalinas.

A literatura, sem dúvida, anunciou o acontecimento Natal entre nós e deixou um rastro dessa história como uma biblioteca aberta ao público. Outras narrativas literárias podem ser encontradas nas antologias de contos intituladas A palavra é Natal e Contos para um Natal brasileiro. A literatura pode ser o nosso perene advento. Então é Natal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças