Entre 2014 e 2016, Menalton Braff produziu uma série de artigos sobre Literatura a pedido do jornal Celulose Online. No mês passado, decidimos voltar a postar esses textos e hoje trazemos para vocês o artigo número 6. Caso queira ler primeiro os artigos anteriores, clique nos links a seguir:
Literatura: o que é isso? (1)
Literatura: o que é isso? (2)
Literatura: o que é isso? (3)
Literatura: o que é isso? (4)
Literatura: o que é isso? (5)
Literatura – Menalton Braff – Literatura: o que é isso? (6)
Os elementos da narrativa
A narrativa literária conta com alguns elementos que lhe são
fundamentais. Nem sempre todos estão explícitos, mas a maioria deles comparece
mesmo que implicitamente.
Personagens
São os seres cujas ações são relatadas no texto. O mais
comum é tratar-se de seres humanos o que, entretanto, não é obrigatório.
As personagens podem ser enfocadas por dois ângulos
principais: a) quanto à centralidade na história; b) quanto à densidade
psicológica.
No primeiro caso, as personagens são divididas em:
Protagonistas – aquelas cujo destino é o objetivo da
narrativa. Em geral, são personagens empáticas, isto é, aquelas com as quais o
leitor se identifica, pelas quais ele torce, sofrendo com seus dissabores e
alegrando-se com suas vitórias. O(s) protagonista(s) é (são) o núcleo central
de toda narrativa literária.
Antagonista (s) – a função do obstáculo em um conflito. Cabe
ao antagonista o papel de dificultar a luta do protagonista pela obtenção dos
objetos de seu desejo. Em geral, o leitor descarrega nesta personagem seus
sentimentos como a raiva e o desejo de que o antagonista seja castigado.
Coadjuvantes – são personagens muitas vezes necessárias ao
desenvolvimento de uma narrativa, mas apenas contracenam com as demais sem
exercer um papel central. Existem na medida em que surja a necessidade de dar
vida à história, mas sua importância é secundária e seu destino pode ser
desconsiderado.
Difícil encontrar uma obra que seja de trânsito geral para
exemplificação, arrisquemos, entretanto, um romance bastante conhecido: Dom
Casmurro, de Machado de Assis.
O protagonista seria o Bentinho, aliás, também narrador. Ele
é o centro da história que ele mesmo narra. É seu destino que pretendemos
conhecer. Antagonista é a Capitu, pelo menos na aparência, pois no final é a
oposição entre os dois, causada por um ciúme que jamais se saberá se com ou sem
fundamento, que terá como resultado a velhice solitária. O tio de Bentinho, o
pai da Capitu e outros mais seriam apenas coadjuvantes.
No segundo caso, podemos dividir as personagens em:
Personagem redonda – aquela com maior riqueza psicológica,
cujo comportamento pode surpreender. A personagem redonda pode arrepender-se,
hesitar, ter dúvidas, enfim, seu comportamento aproxima-se do comportamento dos
seres vivos.
Personagem plana – aquela cujo comportamento é sempre
previsível, não se transforma, pouco se sabe de sua vida interior. Uma
sub-categoria da personagem plana é o tipo, muito utilizado em textos
humorísticos. O tipo, em geral, é criado procurando-se efeitos ridículos.
E continuando com o velho Machado para exemplificação:
Bentinho é personagem rica psicologicamente. Ele tem avanços e recuos,
transforma-se no decorrer da narrativa e não tem comportamento previsível.
Exemplo disso é a cena em que envenena o café com que pretende matar a esposa,
mas se arrepende e joga tudo fora. Como personagem plana, o melhor exemplo do
romance é o agregado, o José Dias. Ele é sempre subserviente e superlativo, não
muda.
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