Mostrando postagens com marcador Louco para ser normal. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Louco para ser normal. Mostrar todas as postagens

sábado, 20 de junho de 2015

RESENHA DA SEMANA

 Resenha
“Louco para ser normal”
Vanessa Maranha

De tempos em tempos, os padrões comportamentais e culturais se alteram, não raro, radicalmente, em inversão mesmo, e, o que era uso ou tabu, no salto de uma ou duas gerações, torna-se o seu oposto.                                                               
Exemplifiquemos isto num enquadre histórico recente: se na década de 50 o sexo recreativo antes/fora do casamento era socialmente condenável, os anos subseqüentes assistiram à “tirania do genital” (Bruckner e Finkielkraut), isto é, a redução da sexualidade e do erotismo ao equipamento sexual masculino e feminino. Primeiro aquilo que foi se desvelando como a ditadura do sexo livre e descompromissado, depois, a do imperativo do orgasmo, sobrando então, como antes, pouco espaço para a subjetividade.                                                                    
 O mesmo se deu em relação aos parâmetros de loucura e sanidade. Vem dos movimentos de contracultura da década de 60, bem como de libelos artísticos muito anteriores (surrealismo, dadaísmo, byronismo, beatnik etc.) a idéia de que legal é ser excêntrico, livrar-se das amarras do estabelecido e enlouquecer; loucura aqui equivalente a liberdade. Para algumas linhas de pensamento (e de mercado!) cultivadas até hoje, ser louco é o que há. Sanidade é caretice. Temos que ser loucos para violar o tabu ou a loucura é a punição por nossa coragem de fazê-lo?