
Apresentamos, a seguir, o texto da reportagem publicada pelo site da Secretaria da Administração Penitenciária. Ao final da postagem, mostramos trechos de mensagens enviadas a Menalton Braff pela mãe do detento que tocou flauta para recepcionar o escritor.
21/10/15 | Mariana Fonseca - Assessoria de Imprensa - SAP
Escritor Menalton Braff participa de projeto do C.R de
Araraquara
Leitura e emoção marcam presença mais uma vez no encontro
Reeducandos cantando para Menalton Braff
O projeto “Roda de leitura-palavra mágica” deu sequência no
Centro de Ressocialização (CR) de Araraquara, dessa vez contou com a
participação do escritor, ganhador do prêmio Jabuti, 2000 e membro da Academia
de Letras Ribeirãopretana, Menalton Braff. O projeto começou em 20 de agosto e
se baseia em reuniões que visam discutir um título, escolhido através de
votação pelos próprios presos, sendo que o livro do último encontro foi o “Que
enchente me carrega? ”, de autoria do convidado em questão.
O clube de leitura é uma parceria da Funap (Fundação “Prof.
Dr. Manoel Pedro Pimentel”) Regional de Ribeirão Preto, Fundação Palavra Mágica
Ribeirão Preto e CR de Araraquara e traz, além da leitura das obras, a
oportunidade de contato com estudiosos e até mesmo com os autores. Menalton
participou da discussão do livro no dia 28 de setembro e viu de perto o efeito
de seu trabalho sobre as diferentes classes, o próprio autor considera “Que
enchente me carrega? ” uma leitura difícil e se impressionou com as análises
feitas pelos reeducandos. “É preciso que se diga, não é um romance de fácil
leitura, em virtude das técnicas narrativas empregadas, com predomínio do fluxo
de consciência e sua alinearidade. Pois bem, fiquei impressionado com o nível
das perguntas que ouvi”, admitiu Braff. Ele se emocionou ao ouvir os detentos
cantando e tocando uma música que fizeram inspirados em sua obra e que recebe o
título da mesma.
Uma leitura libertadora
Essa roda de leitura ocorre a cada 15 dias, proporciona
reflexão, diálogo e convívio social, ensinando os participantes a ouvirem as
diferentes opiniões e respeitá-las, assim prepara os detentos para a reinserção
na sociedade. ” Eu achei uma experiência incrível [...]. Em minha vida eu
sempre gostei de ler, sempre fui leitor e nunca passaria pela minha cabeça
conhecer um escritor de tantos trabalhos. Aprendi a me expressar em público,
algo que tenho muita dificuldade”, comentou um preso no fim do encontro,
demonstrando que o prazer de ler não cessa com o encarceramento, ao contrário,
a leitura pode ser estimulada mesmo em reclusão.
“Despertou em nós o interesse pela leitura, nos levando a
desbravar novos horizontes, trazendo de volta a capacidade de sonhar através da
leitura”; “[...] é como ler com quarenta olhos, ou seja, muito mais conhecimento
e discernimento”, afirmaram alguns dos participantes. O projeto se tornou um
meio de fazer com que os presos sejam mais ligados à cultura e entusiasmados a
idealizarem um futuro melhor; a leitura lhes apresenta outra realidade.
A roda de leitura já é um sucesso e pretende atrair os
olhares de mais reeducandos para os livros; as palavras guiam a outros lugares
e os tornam livres, capazes de serem pessoas melhores.
-------------------------
Mãe se manifesta
Entre a data da visita e hoje Menalton recebeu algumas mensagens da mãe do detento que tocou flauta durante o encontro. Mostramos, a seguir, algumas dessas mensagens. As partes em branco foram propositadamente apagadas para preservar a identidade de mãe e filho.