terça-feira, 2 de julho de 2019

INSTINTO DE NACIONALIDADE

Estamos publicando aqui no blog, em fragmentos semanais, o texto "O Instinto de Nacionalidade – Notícia da atual literatura brasileira", de Machado de Assis.

Menalton tomou esta decisão porque, em sua opinião, "a análise que Machado faz da literatura de seu tempo e os conceitos que emite são de enorme validade para os dias que correm - um texto que candidato algum à carreira literária pode desconhecer."

Dividimos o texto em fragmentos curtos, que podem ser lidos em qualquer intervalo de tempo. E quem perdeu os dois primeiros pode recuperá-los a seguir:


INSTINTO DE NACIONALIDADE 3

(Machado de Assis)

As mesmas obras de Basílio da Gama e Durão quiseram antes ostentar certa cor local do que tornar independente a literatura brasileira, literatura que não existe ainda, que mal poderá ir alvorecendo agora. Reconhecido o instinto de nacionalidade que se manifesta nas obras destes últimos tempos, conviria examinar se possuímos todas as condições e motivos históricos de uma nacionalidade literária; esta investigação (ponto de divergência entre literatos), além de superior às minhas forças, daria em resultado levar-me longe dos limites deste escrito. Meu principal objeto é atestar o fato atual; ora, o fato é o instinto de que falei, o geral desejo de criar uma literatura mais independente. A aparição de Gonçalves Dias chamou a atenção das musas brasileiras para a história e os costumes indianos. Os Timbiras, I-Juca Pirama, Tabira e outros poemas do egrégio poeta acenderam as imaginações; a vida das tribos, vencidas há muito pela civilização, foi estudada nas memórias que nos deixaram os cronistas, e interrogadas dos poetas, tirando-lhes todos alguma coisa, qual um idílio, qual um canto épico. Houve depois uma espécie de reação.

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