A TRAIÇÃO
A notícia trágica alcança o grupo de Titão Passos, acampado em Tapera Nhã, acabando com o sossego dos jagunços.
Pág. 311 - "Ah, e, vai, um feio dia, lá ele apontou, na boca da estrada que saía do mato, o cavalinho castanho dava toda pressa de vinda, nem cabeceava. (...) O que era? O Gavião-Cujo abriu os queixos, mas palavra logo não saíu, ele gaguejou ar e demorou - decerto porque a notícia era urgente ou enorme. - 'Ar'uê, então?!' - Titão Passos quis. - 'Te rogaram alguma praga?' O Gavião-Cujo levantou um braço, pedindo prazo. À fé, quase gritou:
- 'Mataram Joca Ramiro...'
Aí estralasse tudo - no meio ouvi um uivo dôido de Diadorim -: todos os homens se encostavam nas armas. Aí, ei, feras! Que no céu, só vi tudo quieto, só um moído de nuvens. Se gritava - o araral. As vertentes verdes do pidaibal avançassem feito gente pessoas. Titão Passos bramou as ordens. Diadorim tinha caído quase no chão, meio amparado a tempo por João Vaqueiro."
(...)
"Tudo tinha vindo por cima de nós, feito um relâmpago em fato.
_ '...Matou foi o Hermógenes...'
- 'Arraso, cão! Caracães! o cabrobó de cão! Demônio! Traição! Que me paga!...' - constante não havendo quem não exclamasse."
Pode-se dizer que neste ponto se inicia uma segunda parte do romance. A captura e degredo de Zé Bebelo, que ocupa até por volta da página 310, está encerrada. Uma nova guerra se anuncia, tendo agora como inimigo o Hermógenes, assassino de Joca Ramiro.
Os chefes com suas turmas começam a agrupar-se:
"- Hem, diá! Mas quem é que está pronto em armas, para rachar Ricardão e Hermógenes, e ajudar a gente na vingança agora, nas desafrontas? Se tem, e ond'é então que estão?! "
Mas eles vão chegando: João Goanhá, Sô Candelário, Clorindo Campêlo. Medeiro Vaz logo é avisado.
"- Teremos de ir... Teremos de ir... - falou Titão Passos, e todos responderam reluzentemente."
Todos estão querendo vingar a morte do grande chefe. Gavião-Cujo relatou: "Que o Hermógenes e o Ricardão de muito haviam ajustado entre si aquele crime, se sabia."
Riobaldo estranha a reação de Diadorim. Quer saber:
"- Joca Ramiro era seu parente, Diadorim? - eu indaguei, com muita cordura. - Ah, era sim... - ele me respondeu, com uma voz de pouco corpo. - Seu tio, será? - Que era... - ele deu, em gesto. Entreguei a ele o cabresto do cavalo, e continuei ida.
(...)
"- Mas, agora, temos de vingar a morte do falecido!" - eu ainda pronunciei."
Eram muitos guerreiros reunidos. Só João Goanhá comandava trezentos jagunços.
A história vai ganhar ingredientes novos, cada vez mais emocionantes.
Blog de Literatura do escritor Menalton Braff, autor de 26 livros e vencedor do Prêmio Jabuti 2000.
Páginas
- ALÉM DO RIO DOS SINOS
- AMOR PASSAGEIRO
- Noite Adentro
- O Peso da Gravata
- Castelo de Areia
- Pouso do Sossego
- Bolero de Ravel
- Gambito
- O fantasma da segundona
- O casarão da Rua do Rosário
- Tapete de Silêncio
- À sombra do cipreste
- Antes da meia-noite
- Castelos de papel
- A coleira no pescoço
- Mirinda
- A Muralha de Adriano
- Janela aberta
- A esperança por um fio
- Na teia do sol
- Que enchente me carrega?
- Moça com chapéu de palha
- Como peixe no aquário
- Copo vazio
- No fundo do quintal
- Na força de mulher
Eu me orgulho de ter lido esse livro inteiro!
ResponderExcluirVocê faz parte de uma minoria privilegiada!!!
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