quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

É AMANHÃ

NA MARTINS FONTES DA PAULISTA

Vejam, a seguir, ou clicando no link abaixo,  a entrevista que foi publicada pelo blog da livraria:

Entrevista com o premiado escritor Menalton Braff


Nesta quinta-feira (1 de março), vamos receber na livraria da Paulista o premiado autor Menalton Braff que estará autografando seu novo livro “Tapete do Silêncio” (Global). Menalton ganhou destaque de crítica e público após a publicação da coletânea de contos “À Sombra do Cipreste”, que lhe rendeu o prêmio Jabuti em 2009 na categoria “Livro do Ano – Ficção”
A obra tem como cenário a bucólica cidade de Pouso do Sossego, onde Menalton desenvolve sua narrativa em dois planos distintos: o primeiro tem a duração de uma noite e é contado em primeira pessoa por Osório, um comerciante local, cujo olhar conduz o leitor ao longo de uma trágica noite que parece ser interminável; no segundo plano, batizado de “Coro”, a narrativa é desenvolvida em terceira pessoa por meio de flashbacks retomando acontecimentos do passado. Com o desenvolvimento dos dois planos temporais, vão-se revelando os meandros dos poderes econômico, político e mesmo moral que fluem de maneira subterrânea pela cidade.
Aproveitamos a deixa para bater um papo com Menalton Braff sobre sua vida e obra:

Martins Fontes Paulista – Conte-nos como foi sua trajetória até se tornar um escritor e onde surgiu essa paixão pela literatura?

Menalton Braff - Muito cedo, com pouco mais de cinco anos de idade, aprendi a ler e a primeira obra que me caiu nas mãos foi um livro da Edições Marvilhosas, década de 1940. Me apaixonei por aquela história vazada em forma de HQ. Era O Guarani, de José de Alencar. Daí em diante, queria saber tudo do autor, de seus livros, que ainda não conseguia ler, de outros autores, como o Monteiro Lobato. Comecei fazendo poesia (havia em casa um velho volume, Manuel de Versificação, do Olavo Bilac em parceria com outro autor de que não me lembro o nome). Antes dos dez anos já metrificava, rimava, procurava rimas ricas, essas coisas todas que naquele tempo me pareciam importantes. Mas na poesia tinha de me conter e acabei me encaminhando para a prosa. Foram muitos cadernos com histórias tolas e nem poderia ter sido diferente. Só quando conheci no colégio os autores da Geração de 30, e sobretudo o Erico Verissimo, foi que percebi o caminho que deveria seguir. E nele estou até hoje.


MFP – A história de “Tapete do Silêncio” é baseada em fatos reais?
Menalton - Bem, na verdade toda obra de ficção é baseada em fatos reais. O exercício do poder, os subterrâneos por onde ele passa, os crimes cometidos em nome de uma falsa moral, tudo isso faz parte dos fatos reais. A organização dos fatos, sua estruturação, o plano da expressão, isso sim, é invenção. Os fatos reais estão aí, basta olhar para vê-los. Mas não estão organizados, articulados entre si como vão aparecer num romance.

MFP – Sua produção literária é invejável, qual é o segredo para que um autor nunca pare de produzir?

Menalton - Em primeiro lugar é preciso ter vontade de trabalhar e estar com as antenas ligadas vinte e quatro horas por dia. Tudo que acontece à nossa volta pode virar matéria de literatura. Porque a literatura não está nos fatos, ela é linguagem. Mas também é necessário ter disponibilidade de tempo e de mente para o trabalho de construção dos textos. Geralmente quando termino um romance, tenho anotações para contos, para outro romance. Descanso um mês, dois, e começa a me dar a comichão das palavras. Então está na hora de voltar ao trabalho. E sou lento na produção. Escrevo muito pouco por dia, porque faço, refaço, corto, acrescento, fico “brincando” com um texto durante muito tempo.

MFP – Qual foi o livro mais importante que leu em sua vida?

MenaltonPara a minha vida, como cidadão, o livro que me fixou desde muito cedo alguns valores, foi o “Olhai os lírios do Campo”, de Erico Verissimo. Mas como autor, nenhum foi tão importante quanto “Em Busca do Tempo Perdido”, de Marcel Proust. É uma obra que apaixona, principalmente por causa de sua linguagem.

MFP – Quais são os autores brasileiros absolutamente indispensáveis para qualquer leitor voraz?

MenaltonUm leitor de cultura literária média não pode deixar de ler Machado de Assis, José de Alencar, Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Clarice Lispector.

MFP – Se pudesse destacar um grande nome da nova geração de escritores brasileiros, quem seria?

Menalton - Na literatura brasileira contemporânea é difícil destacar um nome, pois existe um certo equilíbrio entre os melhores. Mas pra satisfazer sua curiosidade, arrisco citar o nome do Milton Hatoum. É moderno sem ser modernoso e faz uma literatura séria, bem trabalhada.

Lançamento do livro “Tapete do Silêncio” de Menalton braff
Data: 1/3 – quinta-feira
Local: Av. Paulista, 509 – Tel.: 2167-9900
Horário: das 18h30 às 21h30

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