FINALMENTE SÓS
Pág. 98 - "Parado no meio do quarto, o Desconhecido ouviu o estalido do trinco da porta, depois o rumor dos passos do outro no corredor e finalmente nos degrans."
(...)
"um trovão sacudiu as vidraças. A Ruiva começou a despir-se devagarinho, com gestos cansados."
Pág. 99 - "- Que é que você tem, negro?
Ele não respondeu. Ergueu-se de súbito, caminhou para a pia e, evitando o espelho, abriu a torneira, inclinou-se e começou a banhar as faces.
- Ah, - fez ela. - Que estúpida eu sou!
apanhou duma gaveta um chumaço de algodão e um vidro de água oxigenada e acercou-se do homem.
- Deixa eu ver.
Ele inteiriçou o corpo e deixou que ela lhe pensasse as feridas.
- Está doendo?
- Não.
Ela atirou o algodão no soalho, guardou o vidro de remédio e, aproximando-se do Desconhecido, enlaçou-lhe o pescoço com os braços e beijou-o na boca."
(...)
"- Você é esquisito, hem, negro? Não gosta de mulher?
Mas agora com súbita fúria ele a estreitava contra o peito, e seus lábios procuravam os dela. (Onde? Quando? Com quem?)"
(...)
"- Tire o casaco, amor.
Ele obedeceu."
"A Ruiva voltou-se e sorriu.
- Não vai tirar toda a roupa? (...) ... ela soltou uma risadinha. - Se tem vergonha, eu apago a luz grande."
(...)
O qwuarto ficou tocado pela vaga claridade que vinha da rua.
- Anda, meu bem, - disse ela, abafando um bocejo. - Estou morrendo de sono."
Pág. 100 - "Quem lhe havia falado assim antes? Quando? Onde?"
"Do quanfgo contíguo veio um rumor pesado de passos, seguido dum grito.
- O corcunda começou - disse a Ruiva. - Pobre do Passarinho.
O Desconhecido despiu-se por completo... (...) ... como se ele já tivesse vindo muitas vezes àquele quarto, para deitar-se com aquela mulher. Mas quem era ela?
- Vem, negro..."
(...)
"- Deita duma vez, bem.
Ele obedeceu. A mulher, agora completamente despida, enlaçou-o. As bocas se encontraram, mas ele continuou passivo, a querer saber naquela penumbra onde e com quem estava, por que estava, que significava tudo aquilo."
(...)
"- Você é esquisito mesmo. Nunca vi homem assim"
(...)
"Quem era a mulher que estava a seu lado? Quem era? Santo Deus, quem sou eu?"
(...)
Pág. 101 - "- Sabe por que foi que acendi a luz? Porque estasvva com saudade dessa cara. - Mirou-io longamente. - Que é que a sua mulher vai dizer quiando você aparecer em casa com o rosto todo lanhado?"
Pág. 102 - "Ele sentiu ímpetos de confessar: 'Matei a minha mulher'. Mas... onde? Como? Por quê? E de novo seu espírito se diluiu numa planície, cinzenta, que se estendia a perder de vista, sob um céu vazio: e começaram as quedas vertiginosas naquela sucessão de brancos abismos..."
(...)
"Amou, então, a rapariga numa exaltação furiosa e agressiva, com a impressão de que a assassinava, de que a esfaqueava, muitas, muitas vezes; seus beijos eram quase mordidas..."
(...)
"Teve um sobressalto ao ouvir o estrondo dum trovão, que pareceu sacudir a casa inteira."
(...)
O Passarinho tornou a gritar.
- O corcunda vai matar a menina - murmurou a Ruiva. E quedou-se imóvel, à escuta.
- Que corcunda?
Ela mirou-o com estranheza.
- Vem dormir, meu amor. Você está mas é tonto de sono.
Pág. 103 - "Ele se aproximou da cama, deitou-se de todo o comprimento, soltou um fundo suspiro e cerrou os olhos. A Ruiva apagou a luz.
O silêncio que se seguiu foi de curta duração, pois logo começou a entrar pela janela a musiquinha duma gaita. O Desconhecido deixou-se ninar pela melodia, sorrindo, e levou algum tempo para reconhecer a valsa do homem de branco. A música parecia trazer-lhe uma mensagem, dizer-lhe que tudo agora estava bem."
(...)
"- É o meu amigo, o meu único amigo."
(...)
"A chuva irrompeu com repentina violência, em grossos pingos que rufaram nas folhas das árvores, nos telhados, nas calçadas, nas vidraças, abafando por completo a música da gaita, que só continuou na mente do Desconhecido.
Ele se voltou para o lado, abraçou a Ruiva, murmurou um nome de mulher e caiu num sono profundo"
Há várias pistas que remetem para o desfecho da história. As constantes perguntas que o Desconhecido se faz, mas principalmente o último parágrafo. O homem de branco e a chuva que se anuncia também são elementos simbólicos constitutivos da significação da novela.
Pág. 98 - "Parado no meio do quarto, o Desconhecido ouviu o estalido do trinco da porta, depois o rumor dos passos do outro no corredor e finalmente nos degrans."
(...)
"um trovão sacudiu as vidraças. A Ruiva começou a despir-se devagarinho, com gestos cansados."
Pág. 99 - "- Que é que você tem, negro?
Ele não respondeu. Ergueu-se de súbito, caminhou para a pia e, evitando o espelho, abriu a torneira, inclinou-se e começou a banhar as faces.
- Ah, - fez ela. - Que estúpida eu sou!
apanhou duma gaveta um chumaço de algodão e um vidro de água oxigenada e acercou-se do homem.
- Deixa eu ver.
Ele inteiriçou o corpo e deixou que ela lhe pensasse as feridas.
- Está doendo?
- Não.
Ela atirou o algodão no soalho, guardou o vidro de remédio e, aproximando-se do Desconhecido, enlaçou-lhe o pescoço com os braços e beijou-o na boca."
(...)
"- Você é esquisito, hem, negro? Não gosta de mulher?
Mas agora com súbita fúria ele a estreitava contra o peito, e seus lábios procuravam os dela. (Onde? Quando? Com quem?)"
(...)
"- Tire o casaco, amor.
Ele obedeceu."
"A Ruiva voltou-se e sorriu.
- Não vai tirar toda a roupa? (...) ... ela soltou uma risadinha. - Se tem vergonha, eu apago a luz grande."
(...)
O qwuarto ficou tocado pela vaga claridade que vinha da rua.
- Anda, meu bem, - disse ela, abafando um bocejo. - Estou morrendo de sono."
Pág. 100 - "Quem lhe havia falado assim antes? Quando? Onde?"
"Do quanfgo contíguo veio um rumor pesado de passos, seguido dum grito.
- O corcunda começou - disse a Ruiva. - Pobre do Passarinho.
O Desconhecido despiu-se por completo... (...) ... como se ele já tivesse vindo muitas vezes àquele quarto, para deitar-se com aquela mulher. Mas quem era ela?
- Vem, negro..."
(...)
"- Deita duma vez, bem.
Ele obedeceu. A mulher, agora completamente despida, enlaçou-o. As bocas se encontraram, mas ele continuou passivo, a querer saber naquela penumbra onde e com quem estava, por que estava, que significava tudo aquilo."
(...)
"- Você é esquisito mesmo. Nunca vi homem assim"
(...)
"Quem era a mulher que estava a seu lado? Quem era? Santo Deus, quem sou eu?"
(...)
Pág. 101 - "- Sabe por que foi que acendi a luz? Porque estasvva com saudade dessa cara. - Mirou-io longamente. - Que é que a sua mulher vai dizer quiando você aparecer em casa com o rosto todo lanhado?"
Pág. 102 - "Ele sentiu ímpetos de confessar: 'Matei a minha mulher'. Mas... onde? Como? Por quê? E de novo seu espírito se diluiu numa planície, cinzenta, que se estendia a perder de vista, sob um céu vazio: e começaram as quedas vertiginosas naquela sucessão de brancos abismos..."
(...)
"Amou, então, a rapariga numa exaltação furiosa e agressiva, com a impressão de que a assassinava, de que a esfaqueava, muitas, muitas vezes; seus beijos eram quase mordidas..."
(...)
"Teve um sobressalto ao ouvir o estrondo dum trovão, que pareceu sacudir a casa inteira."
(...)
O Passarinho tornou a gritar.
- O corcunda vai matar a menina - murmurou a Ruiva. E quedou-se imóvel, à escuta.
- Que corcunda?
Ela mirou-o com estranheza.
- Vem dormir, meu amor. Você está mas é tonto de sono.
Pág. 103 - "Ele se aproximou da cama, deitou-se de todo o comprimento, soltou um fundo suspiro e cerrou os olhos. A Ruiva apagou a luz.
O silêncio que se seguiu foi de curta duração, pois logo começou a entrar pela janela a musiquinha duma gaita. O Desconhecido deixou-se ninar pela melodia, sorrindo, e levou algum tempo para reconhecer a valsa do homem de branco. A música parecia trazer-lhe uma mensagem, dizer-lhe que tudo agora estava bem."
(...)
"- É o meu amigo, o meu único amigo."
(...)
"A chuva irrompeu com repentina violência, em grossos pingos que rufaram nas folhas das árvores, nos telhados, nas calçadas, nas vidraças, abafando por completo a música da gaita, que só continuou na mente do Desconhecido.
Ele se voltou para o lado, abraçou a Ruiva, murmurou um nome de mulher e caiu num sono profundo"
Há várias pistas que remetem para o desfecho da história. As constantes perguntas que o Desconhecido se faz, mas principalmente o último parágrafo. O homem de branco e a chuva que se anuncia também são elementos simbólicos constitutivos da significação da novela.
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