sexta-feira, 27 de abril de 2012

A ESPERANÇA POR UM FIO (FRAGMENTO 2)

MORRENDO DE SAUDADE

Págs. 16 e 17 - "Fiquei sabendo de algumas coisas no hospital. Não sei se devo ficar apavorado com o que ouvi ou se é razão para ter esperanças.
Quando chegamos hoje cedo ao hospital, o médico chamou minha mãe até sua sala e dessa vez não dei bobeira: me mandei atrás.
Depois de uma porção de rodeios, ele ali, com aquela conversa sobre meu pai, levantou-se e ficou de pé bem na nossa frente. Antes de falar, no entanto, ele parecia um pouco atrapalhado com a minha presença. Olhava pra mim, então olhava pra mim mãe, como quem diz e daí, o garotão não é muito criança pra ouvir conversa de gente grande? Minha mãe não se tocava, por isso eu mesmo que pedi:

- Pode falar a verdade, doutor. Nós precisamos saber.
Os dois pareceram ter ficado surpresos com minha intervenção, mas não me deram muita bola e começaram a conversar como se eu não existisse, como se eu não fosse o filho do homem de quem estavam falando.
- Uma cirugia como esta, dona Alice, ainda não pode ser feita. A senhora me entende? O quadro precisa ficar mais claro. Existe um coágulo, mas ainda não nos foi possível determinar se a área onde está localizado aceita uma cirurgia, compreende? O coma é profundo, houve hemorragia, mas a situação por enquanto está estabilizada. Seu marido precisa ficar em observação por mais tempo, pra que a gente possa ter certeza. A senhora entende? Uma cirurgia, no estado em que ele se encontra, dá muito pouca esperança de sobrevivência. Não sei se a senhora me entende.
- Claro, doutor. Perfeitamente. Mas existe outra alternativa?
Ele sacudiu a cabeça, negativamente.

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