A PRIMEIRA VISITA
Pág. 41 - "Então ela abriu a porta e nós entramos. Meia-dúzia de camas, um silêncio de cemitério. Não olhei direito pras outras camas, porque de longe adivinhei qual era meu pai. Mesmo quem estava de olhos abertos parecia estas só esperando a hora de morrer. Comecei a suar. Eu não queria, mas suava muito. Cheguei bem perto de meu pai - queria ter derteza de que ele estava vivo, de que aquilo tudo não era uma encenação para enganar a gente. Eu precisava dessa certeza pra continuar tendo esperança. Acho que fiquei muito pálido, porque a enfermeira me olhou, preocupada. Senti que ele estava vivo. Mal senti. Mas aqueles tubos, sondas, o fio ligado àquela máquina da respiração, tudo aquilo, a imobilidade dele, seus olhos fechados, suas inconsciência, sua impotência, meu Deus, que coisa terrível, tanto tempo um homem forte como ele inteiramente entregue à vontade de estranhos, entregue à sorte. Um acidente qualquer e ele parava de respirar. Para sempre."
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