sábado, 16 de junho de 2012

PARÁBOLA DO CÁGADO VELHO (10)

PEDIDO FORMAL DE CASAMENTO

Pág. 38 - "O kimbo de Munakazi ficava mais afastado dos caminhos, por isso recebia muito menos visitantes incómodos. Os residentes ouviram as notícias trazidas por Ulume com inquietação. Depois de passar o mujimbo completo dos últimos acontecimentos, Ulume combinou uma conversa com o pai de Munakazi a sós, na sua residência."

"Chamada a dar a sua opinião, a mãe torceu o rosto, mesmo depois de beber dois copos de maluvo. E disse na cara de Ulume porque não ficara entusiasmada, ele já tinha mulher e filhos grandes, enquanto Munakazi era um ufeko, rapariga virgem, podia garantir."
Pág. 39 - "Munakazi foi então convocada à presença dos pais. Ulume não queria que as coisas passassem assim, seria melhor ter uma conversa a sós com a jovem, ou mandar mais tarde alguém fazer a proposta em seu nome. Mas o pai dela insistiu..."
"- O meu amigo Ulume veio falar connosco. Tu conheces, é uma pessoa de muito respeito. (...)
(...)
"Os irmãos fingiam brincar no pátio, atentos ao que se passava , pois não era normal a irmã mais velha ser chamada à roda dos adultos. Mas era muito longe para poderem perceber o assunto."
"- Portanto me dás uma grande satisfação se aceitares casar com o meu amigo. Com ele sei que ficas bem."
(...)
Pág. 40 "Ulume ainda tentou protestar, dizer para o amigo deixa a rapariga pensar calmamente, as precipitações são perigosas, homem prudente dá uma volta ao rochedo antes de urinar nele, mas ela antecipou qualquer gesto. Falou baixo, timidamente, mas de forma suficientemente clara:
- Não quero casar ainda..
E correu para o pátio, sem despedir. "
(...)
"- Estas crianças de agora são mesmo disparatadas, onde é que já se viu? Por mim casa e casa mesmo, acabou. Quem manda aqui então?
(...)
"E andou até perto de Munakazi. A rapariga estava encostada a uma árvore, de cabeça baixa, pensando certamente na fúria adiada do pai e na difícil situação em que se encontrava."
"- Voltei a repetir ao teu pai que só caso contigo se tu quiseres. Ele tem poder para te obrigar, mas eu não aceito isso. Podes estar descansada."
(...)
"- Só queria saber qual é a verdadeira razão da tua recusa. Por isso vim falar contigo, contra todos os costumes."
Pág. 42 - "Munakazi sentiu que não podia ser tão seca como há pouco. Este homem não merecia uma resposta a despachar. Foi com delicadeza que disse:
- Sabe, eu sempre pensei casar com alguém da minha idade. O senhor tem filhos homens, tem uma esposa. E não posso aceitar ser segunda mulher. São outros tempos, aprendemos ideias novas."
Pág. 44
(...)
"Ulume respeitou o silêncio perturbado dela. Os costumes ensinavam como tratar casos semelhantes. E nesta estória não se seguiam os costumes, desde o princípio. (...) Dali foi foi relatar aos pais de Munakazi que conversavam muito bem, até riram, o que foi inútil dizer pois eles tinham ouvido, e mais tarde ele viria para a resposta. Que a mãe falasse com ela se achasse bem, mas que o pai, por favor, deixe a sua filha em paz, tudo se há de resolver da meolhor maneira. Em tempos novos, temos de esquecer muitas coisas e fechar os olhos para saltar sobre os obstáculos sem pensar que vamos partir a perna." 

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