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| Kimbo |
Pág. 105 - "Nesse tempo todo em que o calcinado do kimbo foi sendo comido pelo verde que rompia da terra e se enroscava nos troncos enegrecidos, em que os buracos revolvidos pelos obuses se cobriram novamente de capim, parecia que nada acontecia. (...) Mas houve um acontecimento que os trouxe para a vida. (...) E foi o coração da Muari que primeiro reagiu, apesar de olhar na contraluz, Luzolo, Luzolo."
"Era de fato o filho mais velho."
Pág. 106 - (...) Fui andando por aí durante duas semanas, demorei duas semanas até chegar a este vale, vocês estão bem escondidos."
"Ulume contestou logo, então não vês os kimbos destruídos, os paus queimados, como estamos bem escondidos se os homens com armas nos encontraram e fizeram estes estragos? Homens como tu eras há pouco tempo, ficamos contes por saber que não és. (...) Agora que os encontrara, ia descansar uns dias junto deles e encetar a viagem de regresso para ir buscar a mulher e os três filhos, queria viver ali naquele vale tão lindo e trabalhar a terra como eles, estava cansado das canseiras das viagens constantes e das guerras."
"Mas Luzolo cumpriu o prometido. Descansou uns dias, depois partiu. Quando já não acreditavam que voltasse, tanto fora o tempo decorrido, eis que apareceu com a mulher e os filhos, pequenos mas carregados de imbambas. De todos os sítios veio gente conhecer as primeiras crianças que soltavam risos naqueles ares frios do vale. Até do Lago da Última Esperança veio gente..."
Pág. 107 - "- Não sei se a guerra acabou para ele. Para mim, sim. Ele e os seus fizeram muito mal, continuam a fazer. Não tenho recado para lhe dar."
Pág. 109 - "(...) Kanda indicou uma poltrona e sentou na outra. Ulume passou a mão pela cadeira, hesitando se haveria de imitar o filho ou se sentava no chão. Nunca vira um banco daqueles, não podia ser confortável."
Pág. 110 - "- Está a ver, aceitei o seu conselho. Não fui ao vale para vos visitar, pois uso ainda armas. E vou continuar a usar, pois não conto abandonar a vida militar."
"(...) Ulume ia a dizer não foi só o inimigo, qualquer que ele fosse, a arrasar o vale, para haver guerra é preciso ter dois exércitos. Mas para quê entrar nesse tipo de discussão?"
Pág. 114 - "Ulume não insistiu. Eram as tais forças que não conseguia dominar, nem sequer muito bem entender, as quais há muito tempo tinham sido anunciadas em cochichos e discussões entre os jovens. Antes de Munakazi. Perguntara ao cágado velho o que passava, pois pressentia maus indícios. E os indícios que corriam à frente dos acontecimentos lhe deram razão. Só vieram guerras e mortes. E desavenças que permaneciam, mesmo entre Luzolo e Zacaria, que já nem armas usavam. Explicou o caminho que ele deveria tomar no dia seguinte, não havia erro possível, o lago seria fácil de encontrar. E pediu a Zacaria para os avisar quando estivesse para partir de novo, pois certamente a Muari quereria mandar alguma recomendação para Kanda.
Mergulhado em soturnos pensamentos, ao descer a encosta, não reparou na sombra difusa que se ocultava por trás do último penhasco a receber os moribundos raios solares."

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