
Pág. 113 - "Luzolo conhecia aquela bebida que vinha na garrafa oferecida por Kanta. Mas não aceitou beber à noite, quando a abriram junto da fogueira, para a Muari e Mário provarem. Quem mais gostou foi a muda, que bebia e dançava, toda animada. Era a primeira prenda que a Muari recebia do seu filho Kanda, por isso fez questão em beber, mas se via que não apreciou, embora não pronunciasse nenhum juízo. Ulume ainda insistiu com Luzolo, mas depois percebeu, o filho nunca aceitaria coisa vinda das mãos do irmão."
Pág. 116 - "(...) Ulume estalou a língua e a mandou se deitar, dizendo amanhã vai nascer de novo o
sol.
E esse sol que nasceu voltou a bater no rochedo em cima do kimbo, transformando a sombra da véspera num vulto de mulher."
(...)
"A Muari se levantou, apareceu fora, começou a varrer à frente da cubata. O raspar da vassoura de piaçaba evocou outras lembranças no vulto e só então apareceu Ulume, também esfregando os olhos, procurando a cabaça com água e a tina onde ia lavar a cara. (...) O vulto tudo via, pois tinha a posição ideal para o espia, debruçado no rochedo em cima do kimbo."
Pág. 117 - "No momento em que Ulume acabara de deitar a água por cima da cabeça e se arrepiava com o frio, o vulto se descolou do rochedo, ensaiou dois passos trémulos para baixo. A Muari parou de varrer, para contemplar aquela suspeita de mulher que tomou o carreiro de entrada do kimbo. Um esqueleto desgrenhado e andrajoso, um cazumbi sem dúvida. (...) Tiritou, mas podia ser por causa do frio daquela manhã de planalto. Também podia ser por outra coisa, pois o vulto ouviu perfeitamente o queixume incontorlável solto pela boca dele, Munakazi."
"A Muari deu razãio ao marido, era de facto uma Munakazi envelhecida e miserável que parou à frente deles, os seios ressequidos a fugirem do quimono em frangalhos, as pernas ossudas a furarem os restos de saia sem cor. Munakazi tinha os olhos no chão, e para lá também apontou as mãos quando disse:
- Voltei."
É o capítulo final, mas não se pode revelar o desfecho. Restam algumas interrogações: por onde andara a mulher? E em que condições? Ulume vai enxotá-la, depois de Munakazi tê-lo abandonado e envergonhado? Romperá com as tradições e aceitará Munakazi de volta? As mulheres, os outros moradores do kimbo, como verão este retorno da fugitiva?
Com mais cinco páginas do romance todas estas perguntas estarão respondidas.
Até o próximo.
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