terça-feira, 16 de outubro de 2012

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (32)

As transcrições são do livro:
SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. 6ª ed. Coimbra: Livraria Almedina.

Depois de um capítulo negativo, as refutações às teorias em voga, o autor volta-se para as afirmações sobre o texto literário.

Pág. 75 - "2.5 Os conceitos de sistema semiótico literário e de código literário.

A obra literária , como o próprio lexema 'obra' denota, constitui o resultado de um fazer, de um produzir que, sendo embora também um processo de expressão, é necessária e primordialmente um processo de significação e de comunicação. A obra literária resultante deste processo constitui um texto - e, por agora, definiremos texto, em sentido lato, como uma sequência de elementos materiais e discretos seleccionados dentre as possibilidades oferecidas por um determinado sistema semiótico e ordenados em função de um determinado conjunto de regras, que designaremos por código.  O texto literário, como qualquer outro acto significativo e comunicativo, só é produzido e só funciona como mensagem , num específico circuito de comunicação, em virtude da prévia existência de um código de que têm comum conhecimento - não confundir com conhecimento idêntico - um emissor e um número indeterminado de receptores. "



Pág. 76 - "Como se infere das anteriores afirmações, pensamos que, em rigor, é necessário distinguir entre sistema de significação ou sistema semiótico e código. Um sistema semiótico é uma série finita de signos interdependentes entre os quais, através de regras, se podem estabelecer relações e operações combinatórias, de modo a produzir-se semiose. Definiremos código como o conjunto finito de regras que permite ordenar e combinar unidades discretas, no quadro de um determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e de comunicação que se consubstanciam em textos. O código não (pág. 77) se identifica, portanto, com a totalidade do sistema, mas representa o instrumento operativo que possibilida o funcionamento do sistema, que fundamenta e regula a produção de textos e daí a sua relevância nuclear nos processos semióticos.

Em nosso entender, por conseguinte, o sistema e o código, como a langue saussuriana, são conceitos atinentes ao plano paradigmático, isto é, ao plano das relações instituídas in absentia entre as unidades semióticas, em termos de similitude, de alternativa ou de oposição, o qual possibilita a um operador (em sentido informático) a selecção e o ordenamento dessas mesmas unidades semióticas. Por sua vez, o conceito de estrutura é conceito atinente ao plano sintagmático, isto é, ao plano das relações in praesentia entre as unidades semióticas, combinadas por um operador num texto."

Eixo paradigmático - eixo das seleções (escolho guri, ou menino, ou camarada, ou sujeito, ou criança; bela, ou linda, ou sensual, ou extravagante etc.; o, a, este, um etc.)
Eixo sintagmático - eixo das combinações (Uma andorinha só fez o verão, ou O verão foi feito por uma andorinha só, ou Só, uma andorinha fez o verão, ou O verão, uma andorinha só o fez).

Observar que, tanto no eixo das seleções quanto no eixo das combinações, trabalhamos dentro de um código, ou conjunto finito de regras.

(CONTINUA)


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