As transcrições são do livro:
SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. 6ª ed. Coimbra: Livraria Almedina.
Depois de um capítulo negativo, as refutações às teorias em voga, o autor volta-se para as afirmações sobre o texto literário.
Pág. 75 - "2.5 Os conceitos de sistema semiótico literário e de código literário.
A obra literária , como o próprio lexema 'obra' denota, constitui o resultado de um fazer, de um produzir que, sendo embora também um processo de expressão, é necessária e primordialmente um processo de significação e de comunicação. A obra literária resultante deste processo constitui um texto - e, por agora, definiremos texto, em sentido lato, como uma sequência de elementos materiais e discretos seleccionados dentre as possibilidades oferecidas por um determinado sistema semiótico e ordenados em função de um determinado conjunto de regras, que designaremos por código. O texto literário, como qualquer outro acto significativo e comunicativo, só é produzido e só funciona como mensagem , num específico circuito de comunicação, em virtude da prévia existência de um código de que têm comum conhecimento - não confundir com conhecimento idêntico - um emissor e um número indeterminado de receptores. "
Pág. 76 - "Como se infere das anteriores afirmações, pensamos que, em rigor, é necessário distinguir entre sistema de significação ou sistema semiótico e código. Um sistema semiótico é uma série finita de signos interdependentes entre os quais, através de regras, se podem estabelecer relações e operações combinatórias, de modo a produzir-se semiose. Definiremos código como o conjunto finito de regras que permite ordenar e combinar unidades discretas, no quadro de um determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e de comunicação que se consubstanciam em textos. O código não (pág. 77) se identifica, portanto, com a totalidade do sistema, mas representa o instrumento operativo que possibilida o funcionamento do sistema, que fundamenta e regula a produção de textos e daí a sua relevância nuclear nos processos semióticos.
Em nosso entender, por conseguinte, o sistema e o código, como a langue saussuriana, são conceitos atinentes ao plano paradigmático, isto é, ao plano das relações instituídas in absentia entre as unidades semióticas, em termos de similitude, de alternativa ou de oposição, o qual possibilita a um operador (em sentido informático) a selecção e o ordenamento dessas mesmas unidades semióticas. Por sua vez, o conceito de estrutura é conceito atinente ao plano sintagmático, isto é, ao plano das relações in praesentia entre as unidades semióticas, combinadas por um operador num texto."
Eixo paradigmático - eixo das seleções (escolho guri, ou menino, ou camarada, ou sujeito, ou criança; bela, ou linda, ou sensual, ou extravagante etc.; o, a, este, um etc.)
Eixo sintagmático - eixo das combinações (Uma andorinha só fez o verão, ou O verão foi feito por uma andorinha só, ou Só, uma andorinha fez o verão, ou O verão, uma andorinha só o fez).
Observar que, tanto no eixo das seleções quanto no eixo das combinações, trabalhamos dentro de um código, ou conjunto finito de regras.
(CONTINUA)
SILVA, Vítor Manuel de Aguiar e. Teoria da Literatura. 6ª ed. Coimbra: Livraria Almedina.
Depois de um capítulo negativo, as refutações às teorias em voga, o autor volta-se para as afirmações sobre o texto literário.
Pág. 75 - "2.5 Os conceitos de sistema semiótico literário e de código literário.
A obra literária , como o próprio lexema 'obra' denota, constitui o resultado de um fazer, de um produzir que, sendo embora também um processo de expressão, é necessária e primordialmente um processo de significação e de comunicação. A obra literária resultante deste processo constitui um texto - e, por agora, definiremos texto, em sentido lato, como uma sequência de elementos materiais e discretos seleccionados dentre as possibilidades oferecidas por um determinado sistema semiótico e ordenados em função de um determinado conjunto de regras, que designaremos por código. O texto literário, como qualquer outro acto significativo e comunicativo, só é produzido e só funciona como mensagem , num específico circuito de comunicação, em virtude da prévia existência de um código de que têm comum conhecimento - não confundir com conhecimento idêntico - um emissor e um número indeterminado de receptores. "
Pág. 76 - "Como se infere das anteriores afirmações, pensamos que, em rigor, é necessário distinguir entre sistema de significação ou sistema semiótico e código. Um sistema semiótico é uma série finita de signos interdependentes entre os quais, através de regras, se podem estabelecer relações e operações combinatórias, de modo a produzir-se semiose. Definiremos código como o conjunto finito de regras que permite ordenar e combinar unidades discretas, no quadro de um determinado sistema semiótico, a fim de gerar processos de significação e de comunicação que se consubstanciam em textos. O código não (pág. 77) se identifica, portanto, com a totalidade do sistema, mas representa o instrumento operativo que possibilida o funcionamento do sistema, que fundamenta e regula a produção de textos e daí a sua relevância nuclear nos processos semióticos.
Em nosso entender, por conseguinte, o sistema e o código, como a langue saussuriana, são conceitos atinentes ao plano paradigmático, isto é, ao plano das relações instituídas in absentia entre as unidades semióticas, em termos de similitude, de alternativa ou de oposição, o qual possibilita a um operador (em sentido informático) a selecção e o ordenamento dessas mesmas unidades semióticas. Por sua vez, o conceito de estrutura é conceito atinente ao plano sintagmático, isto é, ao plano das relações in praesentia entre as unidades semióticas, combinadas por um operador num texto."
Eixo paradigmático - eixo das seleções (escolho guri, ou menino, ou camarada, ou sujeito, ou criança; bela, ou linda, ou sensual, ou extravagante etc.; o, a, este, um etc.)
Eixo sintagmático - eixo das combinações (Uma andorinha só fez o verão, ou O verão foi feito por uma andorinha só, ou Só, uma andorinha fez o verão, ou O verão, uma andorinha só o fez).
Observar que, tanto no eixo das seleções quanto no eixo das combinações, trabalhamos dentro de um código, ou conjunto finito de regras.
(CONTINUA)
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