O fragmento abaixo é do romance juvenil Copo vazio, Editado pela FTD, em 2010.
Começamos o almoço muito estranhos um do outro, cada qual concentrado no
seu prato. Pelo menos é como queremos nos mostrar, nossa aparência. Meu
silêncio, enquanto mastigo um bife de fígado, é falso, e eu sei disso. Fico
quieto, mas tenho certeza de que a coroa usou alguma coisa do dinheiro pra
beber. Conheço o cheiro de conhaque. Pode ter sido apenas um cálice, mas isso
significa seu menosprezo por nosso acordo. Na viagem de volta das férias,
conversamos durante quase toda a viagem sobre ela fazer um esforço pra parar de
beber.
Eu disse, do meu jeito de não ofender, como ela está ficando feia, com o rosto inchado e os olhos redondos querendo saltar fora das órbitas. Minha mãe perdeu a vaidade? Tem horas que eu não sei mais se sou filho ou pai dessa mulher. Ela me ouviu o tempo todo com o coração à mostra. Tanto é que algumas vezes eu vi lágrimas rolando em suas faces. Como entender a diferença entre o propósito declarado no embalo do ônibus e este cheiro em sua boca? Fora de casa é uma outra vida, não somos nós mesmos? Acho que não sabemos voltar ao ponto de partida.
Eu disse, do meu jeito de não ofender, como ela está ficando feia, com o rosto inchado e os olhos redondos querendo saltar fora das órbitas. Minha mãe perdeu a vaidade? Tem horas que eu não sei mais se sou filho ou pai dessa mulher. Ela me ouviu o tempo todo com o coração à mostra. Tanto é que algumas vezes eu vi lágrimas rolando em suas faces. Como entender a diferença entre o propósito declarado no embalo do ônibus e este cheiro em sua boca? Fora de casa é uma outra vida, não somos nós mesmos? Acho que não sabemos voltar ao ponto de partida.
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