quarta-feira, 17 de abril de 2013

CARTA CAPITAL | DE ELEIÇÕES



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De eleições 
Menalton Braff

Não, não vou falar das eleições na Venezuela, pois estou escrevendo esta crônica um dia antes do referido pleito. Mas é claro que tal fato me suscita uma reflexão sobre o assunto e a quero partilhar com aqueles que vivem a mesma perplexidade em que me afundo.
No país em que vivemos, existem meios de comunicação, sobretudo os dominantes, aqueles que mais intensamente formam a opinião pública, com sua ideologia, seus valores, dizendo o que é certo e o que é errado; o que combater e o que defender.

De uns tempos para cá, venho dando-me o trabalho de observar o que dizem tais meios, cujo poder é de tal grandeza que cooptam acadêmicos de alto coturno (essa expressão ainda existe?) para homologarem sua doutrinação. Ah, sim, porque se trata de doutrinação. E cinicamente eles vem-me dizer que ideologia não existe mais. Na verdade, o que está implícito em uma afirmação tão aparentemente ingênua como essa é que agora só existe a ideologia deles.

Pois bem, mas o assunto são eleições.

A partir do fenômeno eleitoral, que se divide em dois tipos fundamentais, esses meios de que falo vão dividir o mundo quanto a seu regime político.

A exigência primeira é que os governantes sejam eleitos por sufrágio universal. Ponto.
Mas a coisa não para por aí. Existem dois tipos de candidatos, dois tipos de regimes políticos, dois tipos de eleitores. E é aí que um simples mortal apartidário como eu, mergulha numa confusão da qual é muito difícil sair.

O caso é o seguinte:
Se o candidato faz a defesa do indivíduo em detrimento da sociedade, isto é, se ele é rico ou defende a classe média alta e os ricos, sua eleição vai ter como conseqüência um regime democrático. Em resumo: democracia é um regime político que defende o individualismo (Quem não tem competência não se estabeleça) e a defesa do individualismo passa pela defesa dos donos das riquezas da Terra. Esse é o regime político agradável aos patrões do mundo, aquele que eles aceitam e não ameaçam. Mas isso já é outra história.

Se o candidato, contudo, faz a defesa da sociedade como espaço da solidariedade, se defende a melhoria da qualidade de vida da classe média baixa e dos pobres, ah, meu amigo, então é um populista, e populismo é uma das faces da ditadura. Se os pobres elegem um cidadão para que os governe, os pobres instauram uma ditadura. Simples como água limpa, não acham? E os patrões do mundo podem edulcorar um governo imposto pelas armas e contra a vontade dos eleitores, contanto que esse governo diga amém a tudo que eles mandam dizer.

Está tudo perfeito, mas agora já não consigo mais entender o que seja democracia, tampouco ditadura. Sou eu o maniqueísta ou são os tais meios?

Quanto à Venezuela, bem, ela só me deu o mote.

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