André Paul Guillaume Gide (Paris, 22 de novembro de 1869 — Paris, 19 de fevereiro de 1951) foi um escritor francês.
Recebeu o Nobel de Literatura de 1947. Oriundo de uma família da alta burguesia, foi o fundador da Editora Gallimard e da revista Nouvelle Revue Française. Gide não somente era homossexual assumido, como também falava abertamente em favor dos direitos dos homossexuais, tendo escrito e publicado, entre 1910 e 1924, um livro destinado a combater os preconceitos homofóbicos da sociedade de seu tempo, Corydon.
Liberdade e libertação recusando restrições morais e puritanas, a sua obra articula-se ao redor da busca permanente da honestidade intelectual: como ser igual a si mesmo, ao ponto de assumir a sua pederastia e a sua homossexualidade. Entre as suas obras mais importantes estão Os Frutos da Terra, a já mencionada Corydon, A Sinfonia Pastoral, O Imoralista e Os Moedeiros Falsos.
Sinfonia Pastoral é um romance escrito em forma de diário e começa em 10 de fevereiro de 189... Um pastor protestante rural está voltando para casa em sua charrete, já no fim da tarde, quando é abordado por uma menina desconhecida que o incita a voltar sete quilômetros por uma estrada por que nunca tinha passado para visitar uma velha que já expirava.
(CONTINUA)
O Sol se punha quando chegaram ao barraco paupérrimo onde a velha acabava de morrer. Uma vizinha, que acompanhava os últimos momentos da velha, avisa que a única parente da falecida é uma sombra agachada perto do fogão.
Tratava-se de uma jovem cega, de uns quinze anos, que além de cega não sabia falar. A velha, que era muda, e por quem fora criada sem sair de dentro do barraco, não tivera como ensinar-lhe a fala.
Surge o dilema do pastor: o que fazer com aquela jovem?
Pág. 24 - "Tenho muito respeito à verdade, para calar-me sobre o penoso acolhimento que me dispensaram no meu regresso ao lar. Minha mulher é um jardim de virtudes, e mesmo nos momentos difícieis pelos quais às vezes passamos, não pude duvidar um instante da têmpera de seu coração; mas sua caridade natural não gosta de ser surpreendida. É uma criatura meticulosa, que timbra em não ir além nem ficar aquém do dever. Sua caridade mesma é regulada, como se o amor fosse um tesouro exaurível. Está nisto o nosso único ponto de divergência.
Nessa noite, assim que me viu voltar com a menina, seu primeiro pensamento escapou-se-lhe nesta acre exclamação:
- De que ainda te foste encarregar!"
(CONTINUA)
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