terça-feira, 7 de janeiro de 2014

QUESTÕES DE ESTÉTICA DA LITERATURA (84)

Eugenio Coseriu
Vítor Manuel de Aguiar e Silva. Teoria da Literatura. 6ª ed. Livraria Almedina: Coimbra, 1984.

Com esta postagem, encerramos a argumentação contra o desviacionismo com que se tenta explicar a linguagem literária. O autor segue com um capítulo em que refuta a teoria jakobsoniana da função poética da linguagem, que, para nosso propósito não tem utilidade. Daqui vamos saltar para o capítulo A comunicação literária.
Mas antes, vejamos como ele encerra o Sistema semiótico literário.


Pág. 172 - "Parece-nos também que é neste quadro semiótico que adquirem máxima pertinência e capacidade explicativa as teses de Eugenio Coseriu segundo as quais a língua poética - na acepção não restritiva de língua literária - não pode ser interpretada 'como redução da língua e uma suposta 'função poética', nem tão pouco como língua ulteriormente determinada (língua + uma suposta função poética)'; não pode ser considerada como um 'desvio' em relação à língua 'corrente', entendida esta como 'normalidade' da língua (a língua 'corrente', observa Coseriu, é que em rigor representa um desvio perante a totalidade da língua); deve ser concebida, pelo contrário, como a realização de todas as virtualidades da língua, como a materialização da plena funcionalidade da língua, razão por que 'la poesia (la 'literatura' como arte) es el lugar de la plenitud funcional del lenguaje.'
À luz destas teses de Coseriu, os pretensos 'desvios' da língua literária configuram-se como realizações inéditas ou incomuns das potencialidades do sistema linguístico; em (p. 173) sede teórica, a língua literária recupera, contra a dialectização a que a condenam as teorias desviacionistas, a função que historicamente sempre tem desempenhado de agente conformador por excelência da respectiva língua natural; o estudo da língua literária, algumas vezes denunciado como restringente e deformante da omnímoda funcionalidade da língua, adquire, sob o ponto de vista científico e didáctico, o estatuto de insubstituível meio de conhecimento e aquisição dessa mesma omnímoda funcionalidade e, por conseguinte, o estatuto de privilegiado instrumento de cognição do homem, da sociedade e do mundo. "

(CONTINUA)

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