quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

VAMOS PARA O SÉTIMO CAPÍTULO

Abrimos, neste momento, o prazo para elaboração do sétimo capítulo do e-book coletivo do projeto "Uma história, várias mãos". 

Os textos devem ser entregues até meia-noite do dia 12 de março. Mais uma vez, teremos um prazo superior a 15 dias porque muita gente viaja no carnaval.


Se você ainda não está participando do projeto e tem menos de 18 anos, aproveite a oportunidade. As inscrições são gratuitas e sem burocracia. 


Basta enviar seu texto para o e-mail do projeto (umahistoriavariasmaos@gmail.com) junto com uma cópia (frente e verso) da sua carteira de identidade (RG). 

Mas antes de começar a escrever, leia o regulamento e tudo que já escrevemos até agora porque o sétimo capítulo deve dar sequência aos capítulos anteriores.



REGULAMENTO

CAPÍTULOS ANTERIORES

Conheça, a seguir, o texto escolhido como sexto capítulo.

CAPÍTULO 6

         Ricardo saiu de casa às 14h:30. Até a escola, o caminho era de dez minutos, então daria tempo de chegar e fazer tudo o que planejava. Levou o pendrive e o celular no bolso. Estava nervoso com tudo o que poderia acontecer: alguém ver Marina e ele copiando os vídeos das câmeras, o cara do bilhete aparecer e vir resolver as contas, o plano dar errado... Era tudo ou nada. O celular vibrou em seu bolso. Ele atendeu rapidamente:
            − Quem fala? − perguntou.
Uma voz feminina, a de Marina, falou ao telefone.

            − Calma, Ricardo, sou eu. Você tá onde? Já vou sair de casa − O garoto respirou aliviado.
            − Já estou na rua. Se você não sair logo, eu já estou te avisando, você não participa de nada, entendeu?
            − Nossa, sim senhor!  Tchau, te vejo lá.
            − Tchau!
             O céu estava cinzento, com cara de que iria chover. Má sorte, Ricardo pensou. Confiante, apertava o passo pela rua arborizada. Virou à esquerda, depois para a direita, e avistou a escola. Ouvia risadas, conversas e professores explicando lições. Sentiu um leve frio na barriga, que piorou quando uma mão tocou seu ombro de repente.
            − Oi! − Marina surgiu do nada atrás do menino.
            − Caramba, Marina, que saco! Eu já estou nervoso, e você ainda me assusta pra ajudar? E, por favor, disfarça, vai que... − Ricardo disse, irritado.
            − Ricardo, para de ser bobo! Vai dar tudo certo, desde que a gente siga o que planejamos. Ou melhor, o que você planejou. Você está paranoico com o “cara do bilhete”! Acha que ele vai pular de uma lata de lixo a qualquer instante? Não! Vamos fazer dar certo.
            Ricardo ficou calado e Marina foi atrás dele. A garota tinha mesmo razão. Se apenas relaxasse, Ricardo não se preocuparia tanto com o bilhete. Caminharam até a secretaria e esperaram. Márcia, uma das secretárias, apareceu detrás de uma porta.
            − Oi, meninos, tudo bem? − perguntou sorridente. Estava com um copo de café na mão.
            − Tudo bem. Então, a gente veio entregar uma advertência atrasada para a coordenadora. Ela pediu para entregarmos pessoalmente − Ricardo disse. Estava com a advertência de Olavo, que pediu pra Ricardo entregar para a coordenadora, a dona Cláudia.
            − Vieram sozinhos? − estranhou Márcia.
            − Sim, a minha mãe foi trabalhar e a dele também − Marina enrolou.
            − Ok, podem subir as escadas. Vocês sabem onde é a sala da coordenação, não é?
            − Sim, sim, pode deixar. Tchau! − Ricardo tentou parecer o mais natural possível. Eles viraram à direita e subiram um lance de escadas.
            − Está dando certo, tudo certo − Marina murmurou, tentando se acalmar. Estavam cada vez mais nervosos.
            No fim das escadas, tomaram ar e viraram para o corredor largo à esquerda. Uma porta alta com uma placa pendurada indicava: “SALA DA COORDENAÇÃO: COORDENADORA CLÁUDIA MARQUES LUANA ROSA”.
            Bateram na porta e uma voz respondeu:
            − Pode entrar.
            Marina e Ricardo entraram e se depararam com um escritório pequeno, em que uma mulher negra, nova, mas com aparência autoritária, estava sentada olhando alguns papéis na mesa cheia. Conheciam ela.
            − Oi, crianças, tudo bem? − perguntou sorrindo.
            − Oi, Cláudia. Viemos pegar nossas carteiras de estudante − Marina disse.
            − Ah, vocês não receberam? Um monte de alunos veio aqui com o mesmo problema, esse ano não mandaram todas! Qual o nome de vocês? − a coordenadora perguntou.
            − O meu é Marina, e o dele é Ricardo.
            − Vou aqui do lado pedir para o Luís imprimir pra mim, vocês esperam aqui, gente?− a mulher levantou-se.
            − Sim, tudo bem − Ricardo sorriu amarelo.
            A coordenadora andou até a porta e sumiu atrás dela. Ricardo verificou se Cláudia já tinha ido embora, e então fez um sinal a Marina, que se levantou da cadeira e correu até uma porta dentro do escritório que saía na sala da direção. O menino largou a advertência de Olavo na mesa da coordenadora e seguiu Marina. Abriram a porta. A sala estava vazia, mas tinha uma câmera. Disso Marina e Ricardo não sabiam, mas continuaram confiantes. O diretor estava na sala dos professores, em seu recreio.
            − Marina, a chave está na mesa, tranca a porta que vai dar na coordenação e fica de olho na porta aqui da frente, enquanto eu pego as gravações! − Ricardo apontou para um molho de três chaves em cima da mesa do diretor.
            Ricardo correu até o computador e viu vários quadrados na tela, cada um mostrando uma região da escola. No topo do monitor aparecia o nome do programa: “Camera-System”. As câmeras mostravam a escola em tempo real. Alguns corredores estavam vazios, outros nem tanto. O pátio estava cheio de crianças correndo e comendo. Ricardo conectou o pendrive em uma entrada do computador e esperou a conexão, estralando os dedos e balançando os pés. Marina tinha trancado a porta da coordenação, e agora estava de olho na porta da frente da sala onde estavam.
            Enfim, a conexão deu certo, e Ricardo conseguiu digitar o dia e a hora em que ele encontrou o bilhete. Confirmou a pesquisa e dessa vez apareceram na tela vários quadrados que filmaram aquele dia e aquela hora a escola. Ricardo passou os olhos pelas filmagens até achar o quadrado que mostrava o corredor onde se encontrava a sala de aula em que o menino estudava. Clicou e a imagem tomou a tela inteira. Prendeu a respiração. Seu coração batia rapidamente e fora de ritmo, o suor escorria em sua testa.
            − Marina, a-achei − murmurou Ricardo.
            − Então vai logo, copia a gravação! – Marina afinou a voz, nervosa.
            Ricardo puxou com o mouse a gravação até o ícone que mostrava o seu pendrive. Na tela, uma barra verde correndo indicava: “Você deseja COPIAR A GRAVAÇÃO ou MOVER A GRAVAÇÃO?”
            Ricardo clicou na primeira opção. Apareceu outra mensagem: “Copiando arquivo de gravação 554 para pendrive...”. Ótimo.
            − Acelera aí, Ricardo, que o recreio já vai acabar! − Marina falou, olhando o relógio de pulso. − Tem algumas inspetoras passando aqui pelo corredor.
            − Já está acabando, já vai acabar...
“O arquivo 554 foi copiado para pendrive com sucesso”.
            Ricardo retirou rapidamente o pendrive, saiu da gravação e a tela mostrou novamente as imagens em tempo real. O relógio indicava que o sinal iria tocar em um minuto. O garoto viu na tela sua imagem sentado na sala do diretor e Marina observando o outro lado da porta pelo olho-mágico. Clicou na gravação e depois na opção: “Excluir a gravação”. Depois de apagar as provas contra ele e Marina, Ricardo ouviu o sinal. Marina ficou branca e correu para destrancar a porta da coordenação. Ricardo levantou-se e se dirigiu para a porta. Saiu e chamou Marina. Uma inspetora apareceu e cumprimentou os garotos, sem desconfiar. Os dois se aliviaram e andaram até a sala da coordenadora.
            − Onde vocês estavam? − perguntou Cláudia, estranhando.
            − Ela foi ao banheiro, aí eu aproveitei e fui também − Ricardo disse.
            − Ah, entendi. A carteirinha de vocês. Desculpa não ter entregado antes! − disse a coordenadora, rindo.
            − Não tem problema, muito obrigada, Cláudia! − Marina e Ricardo agradeceram e despediram-se da mulher. Rindo, os dois desceram as escadas e saíram pela secretaria.
            − Deu tudo certo, crianças? − Márcia perguntou.
            − Deu, foi tudo ÓTIMO! − Ricardo sorriu.
            Marina e o garoto saíram da escola, e quando chegaram à rua, pularam de alegria.
            − Deu tudo certo, eu nem acredito! − Marina gritou.
            − É, foi até fácil! − Ricardo respondeu.
            Começou a chover. Os dois nem ligaram, tomaram banho de chuva e saíram andando para suas casas rindo muito e respirando aliviados.







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