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Platão |
O canal pelo qual transita a língua falada (e neste caso a assim chamada literatura oral) são as ondas acústicas da atmosfera. E o ser humano aprende primeiro este modo de comunicação verbal.
Milhões de anos depois de falar, a humanidade inventou a modalidade escrita, como forma de registrar, de fixar, os elementos da fala.
Esta antecedência da oralidade em relação à escrita, entretanto, não nos deve levar à mesma conclusão platônica, que afirmava ser a escrita é um "filho bastardo" do discurso oral. É uma desqualificação indevida. São modalidades diferentes de comunicação, ambas com suas qualidades, diferenças e semelhanças.
A língua falada tem um caráter efêmero, pois o som não é permanente. Sua recepção está sujeita à acuidade auditiva do receptor com a interferência dos mais variados ruídos. A escrita é o registro que pode ser examinado e reexaminado, meditado, pois não tem o mesmo ritmo da língua falada.
A língua falada conta com recursos extralinguísticos, como um código gestual, a expressão facial, entonação da voz, e outros, que a língua escrita tenta suprir com sinais diacríticos, mas que, evidentemente, não têm a mesma eficácia.
Reproduzo aqui um fragmento de parágrafo do prof. Vítor Manuel:
"A corrigibilidade tópica e transtópica do texto escrito reveste-se de grande relevância no plano da produção literária, podendo dela derivar, sob forma imperativa, uma norma muito influente da metalinguagem do sistema literário: o texto deve ser longa e pacientemente trabalhado, emendando-se, e refazendo-se a sua tessitura, sob o domínio da razão vigilante, de um gosto artístico educado, segundo a lição dos modelos, etc."
Outra diferença entre as duas modalidades esta na recepção: o ouvinte obedece ao império do emissor e seu ritmo, ao passo que o receptor da escrita cria seu próprio ritmo, podendo voltar, reler, meditar sobre o que leu.
Mais um trecho do prof. Vítor Manuel:
"A utilização da língua escrita implica geralmente uma construção mais cuidade e mais rigorosa do texto ..."
Então acrescenta que na língua oral pode haver formalidade, como na escrita, "fala como um livro", e na língua escrita pode-se utilizar um padrão de oralidade. Mas isso não é a regra geral.
E para finalizar, mas um fragmento do professor:
"A língua literária (...) desenvolve todas as virtualidades do sistema linguístico, pode abarcar todos os registros, intensifica e depura as marcas distintivas da língua escrita - não é sem razão que ao emissor literário se atribui universalmente a designação de escritor -, mas haure também e replasma muitos elementos peculiares da língua oral, desde o léxico e a morfossintaxe até ao ritmo frásico."
(CONTINUA)
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