quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

CANTIGAS DE AMIGOS


O poema que segue é do poeta ribeirão-pretano
Alfredo Rossetti.


CELULAR

os olhares mudaram
de direção
- agora só nas mãos


no ônibus no namoro
no passo
[laço
na atenção]


na vila
olhar na vala
olhar funil

na fila
olhar sem fala

na vida
olhar que perde
da vida
o que arde,
o febril

o celular mudou de rumo
de prosa
o celular mudou de poesia

nenhum olho no olho
nenhum cisco no olho

mudou o motivo
da cabeça baixa
mudou o bom dia o fone de ouvido
acabou o furtivo

e o mundo esqueceu
do mundo
no mundo que já dialogou
com a cortina suspiro
que o gestual uniforme fechou

o homem que não mais pisca
- agora cisca.


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