Vai um poema da Raquel Naveira.
ALMA E LAMA
Quando foi que a lama se
transformou em alma?
Era tudo brejo,Terra agitada,
Fermentada
E plástica,
Solo palpitando de bolhas,
De larvas,
De insetos,
Rabinhos com olhos de feto
E vieram o sopro,
O ar nos pulmões,
A vida pelo sangue,
Pelo fígado,
Pela medula e ossos,
Pulsando quente
Como chama.
Quando foi que a alma se
transformou em lama?
Era tudo espírito,Energia,
Fio de prata,
Palavras e gestos,
Imagens que brotavam
Do intelecto,
De uma fonte de amor
Luminosa e intacta
E vieram os desejos,
As paixões,
As trevas,
A ausência de sombra
E a alma rolou no lodo,
Vagando
Como um fantasma.
Corpo nu,
Contaminado,Enterrado na lama,
Tumor que lateja
Coberto de lesmas,
Lêndeas
E gosmas;
De repente, as águas da chuva
Lavam o corpo
E da boca
Sai uma borboleta.
Lama e alma,
Apenas uma asa,Uma letra.
Caro Menalton, obrigada por publicar nosso poema. Você é um escritor que ama e divulga os colegas de ofício. Abraço.
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