quarta-feira, 25 de março de 2015

CANTIGAS DE AMIGOS

O poema abaixo é do meu amigo João Augusto

A porta do livro

Descansa se teu coração não sabe
Bater palmas
Minha poesia é castrada de ouvidos
Então não entres aqui com reticência
De réguas e tabulações desnecessárias
Abandona pois a cerimônia da coisa pública
Da coisa pudica
Ninguém ensina a ler poesia
Mas ouso demonstrar como não ler


Poemas são feixes de relâmpagos
Que não sabem o que é
Uma morte morna e lenta
E teu colete à prova de balas
Tão convencional quanto um guarda-chuva
Não impedirá que a linha menos afiada
De meus trilhos enferrujados
Rasgue teu corpo e tua sensação de
Igual

É que tua necessidade de me compreender
É a mesma carência de um elefante
Em vestir chinelos
Para conhecer a cidade

Em versos e ritmos paquidérmicos
Minha poesia é um anticatálogo
De belezas e escândalos
Entre a porta que tu pensavas aqui existir
E o portão que só pintei
Para que aprendêssemos
A pular



João Augusto

Nenhum comentário:

Postar um comentário

http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças