Feliz Natal!

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Mirinda, Menalton Braff
1
Por fora
nenhum sinal particular
A história
toda começou numa tarde que transcorria sossegada, até o momento em que a terra
tremeu ao som de pancadas potentes e compassadas, que se ouviam lá no fundo do
formigueiro. As formigas jovens se alvoroçaram, correndo para todos os lados, com
olhos de desespero. Uma formiga mais velha explicou:
- Calma, isso é a passagem de um homem. Vocês nunca viram,
mas eles já foram comuns por estas bandas. Eles são descomunais, gigantescos
mesmo.
- Mas não pode ser um cavalo ou um elefante? - perguntou Mirinda, que era sempre a primeira a perguntar e
por isso muito esperta.
- Não, não pode. Ouça como as pancadas são de apenas dois
pés. Os outros animais, quase todos, caminham usando quatro pés.
- E nós, não entramos em sua conta? Nós temos seis.
- Eu sei, minha querida, o que acontece é que nossos passos
são muito silenciosos, como todos os
insetos, por isso nem pensei em nos incluir.
Mirinda não
esperou qualquer explicação a mais e disparou para a entrada do formigueiro
para ver aquele ser desconhecido.
*
Antes de
continuar a história, precisamos conhecer Mirinda, sua protagonista. Para isso,
vamos encontrá-la trabalhando numa esplêndida manhã de sol.
Mesmo
examinando com muita atenção aquela fila sem fim de formigas caminhando apressadas
no carreiro, não se pode descobrir qual delas é Mirinda, a heroína desta
história.
Ela é forte e bela, tem três pares de pernas, duas antenas com cotovelos, a
cabeça
grande e de um marrom tão brilhante que parece envernizada.
Mas não,
essa descrição não é suficiente para que se possa identificá-la. Todas as outras,
as que vão à sua frente e as que lhe seguem os passos, todas elas, cabem na mesma
descrição.
Ah, uma
coisa que ainda não foi dita a respeito de Mirinda: ela é bem jovem. Não se pode
ter muita certeza, mas é bem provável que levar às costas este pedaço de folha esteja
sendo uma de suas primeiras tarefas úteis à comunidade. Ela não passa de uma adolescente.
E essa aparência juvenil, que talvez pudesse ajudar sua identificação, não nos
serve de nada, pois este carreiro raras são as formigas adultas. A grande
maioria delas regula em idade. Sua juventude, portanto, também não nos serve
como uma de suas peculiaridades.
Do alto ou
de longe, exame nenhum nos ajuda. É preciso que nos aproximemos dela, que a
observemos atentamente, porque Mirinda se diferencia das demais por algo muito
sutil, por detalhes que não são marcas exteriores de seu corpo. O que a faz
diferente vem de dentro, e só examinando seus olhos é possível perceber alguma
diferença.
Mirinda está
sempre olhando para os lados, e seus dois olhos, além de grandes, têm uma
infinidade de pequenas lentes que brilham o tempo todo. Pois é nesse brilho que
está sua marca. É um brilho que vem de dentro de sua cabeça e que significa uma
vontade muito própria, uma determinação que a torna perigosa, pelo menos na
opinião de suas companheiras.
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