quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

CANTIGAS DE AMIGOS

ECO (Regina Baptista)


Quando não me reconheço

é quando grito

Socorro

Não pareço eu

pareço alguém pedindo

Socorro

É que não me reconheço

quando arrisco a fuga

Não arrisco tudo

o que há para socorrer


Peco pela desavença

Temo pela carência

Ouso pela virtude

de um dia vir a sorrir

Escondo os soluços

Sorrio por fora

Conto os dias que faltam

para outro amanhecer

Me afasto de todos

Me cerco de juízo

Me abstenho simplesmente

do que queria encontrar

Frases que encontro

no interior de alguém

Lapido como joia

que saiu do estado bruto

Nomes que não existem

tomo por merecedores

da minha pouca disposição

Sigo no mar infinito

sem sinal de porto seguro

Só conheço o tempo e a fadiga

a ânsia, o nada  e a náusea

Quando o tempo passa

vem a tarde e a lucidez

Amanhece com a sensação

de ser o mesmo dia de ontem

O grito solitário

de quem não gritou o bastante

ecoa para dentro do próprio


crânio

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