
Livro
Analisado: Morte e Vida Severina
Preparação: Prof. Menalton Braff
A Obra
Morte e Vida Severina (auto de natal pernambucano) - Poema dramático, escrito
em versos redondilhos, herança popular-medieval.
É o reteiro de Severino, que demanda o litoral em busca da vida, mas topa
em cada parada com a morte, presença anônima e coletiva – no último pouso,
enquanto discute com o Mestre Carpina o valor de continuar vivo ou não, recebem
a nova do nascimento de um menino: signo de que algo resiste à constante
negação da existência.
-
Primeiros versos: identificação com ampliação - Severinos.
- Emblema:
"E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual
mesma morte severina:"
-Morte
severina?
de velhice antes dos trinta
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia
- Vida
severina?
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia
na mesma cabeça grande
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
o sangue que usamos tem pouca tinta
- Encontro
com primeiro morto - Severino Lavrador, carregado numa rede
morto numa emboscada
- Ironia: Sempre há
uma bala voando
desocupada.
- Tem medo
de perder-se: O Capiberibe, seu guia, secou. Monólogo do
Retirante. A terra e o clima são acusados das mortes.
- Primeira
parada: Estão cantando para um defunto
-
Denúncia:
Dize que levas somente
coisas de não:
fome, sede, privação
- Cansado da viagem, procura trabalho:
- Comentário:
" Desde que estou retirando
só a morte vejo ativa,
só a morte deparei
e às vezes até festiva
só a morte tem encontrado
quem pensava encontrar vida"
- A mulher
da janela
Depois de dizer que de nada adianta lavrar a terra, que nada dá, ela arremata:
"Só os roçados da morte
compensam aqui cultivar
e cultivá-los é fácil
......................................
e dão lucro imediato;
nem é preciso esperar
(Melhor profissão do lugar: rezadora titular)"
- Na zona
da mata: terra mais branda, macia
Depois de louvar as belezas de uma terra assim, assiste ao enterro de um
trabalhador de eito.
"É a parte que te cabe deste latifúndio"
"Mas não senti diferença
Entre o Agreste e a Caatinga
E entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima."
- Em
Recife: Cemitério de ricos e cemitério de pobres (diferenças). Santo Amaro e
Casa Amarela.
Bairro A: usineiros, políticos, banqueiros, industriais
Bairro B: funcionários, jornalistas, escritores, artistas, bancários,
lojistas,
boticários, profissionais liberais
Bairro C: industriários, comerciários, operários
Bairro D: indigentes, retirantes
- Em um
dos cais do Capiberibe: intenção suicida
Aproxima-se Seu José, mestre carpina, com quem discute o valor de continuar
vivo. Uma mulher, de uma das portas, anuncia o nascimento de um menino (Jesus?)
como resposta a quem vinha procurando fugir da morte.
O autor
João Cabral de Melo Neto (1920) Nasceu em Recife de família ligada aos
engenhos de açúcar. Concluiu seus estudos no Rio e prestou concurso p/carreira
diplomática. Pós-modernismo ou geração de 45. Morto no Rio de Janeiro em 1999.
Características Hermetismo como sondagens no mundo onírico. Tendência em
direção ao surrealismo. Poeta-engenheiro: preocupação com a construção poética
(esteticismo). Objetividade na constatação da realidade, do cotidiano.
Interrogações a respeito dos meios de expressão poética. Apuro estético.
Equilíbrio entre seus materiais (palavra, imagens) com a temática social.
Incorporação de palavras do cotidiano prosaico ao mundo lírico.
Temática
a) o Nordeste com sua gente (retirantes, tradições, herança medieval,
engenhos, mocambos, cemitérios, o rio Capibaribe).
b) a Espanha e suas paisagens (pontos em comum com o Nordeste
brasileiro).
c) a própria arte e suas várias manifestações (a pintura: Miró, Picasso,
etc.; a literatura: Valéry, Cesário Verde, Augusto dos Anjos, etc.)
Obras
- Pedra do sono (1942)
- O engenheiro (1945)
- O cão sem plumas (1950)
- Duas águas (1956)
- Terceira feira (1961)
- Morte e Vida Severina (1960?)
- Fábula de Anfíon e Antiode
- Psicologia da composição
- O rio
- Auto do frade
- Agrestes
- Crime na Calle Relator
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