quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CANTIGAS DE AMIGOS

Do livro O pó das palavras (Ponteio, 2010) 
Claufe Rodrigues*
                                      

APRENDIZADO
para meu pai

Caiu no mar tem que nadar
murmurava meu pai marinheiro
tirando um bagre do anzol
um cigarro do bolso traseiro

Eu, sabedor de nada
azeitava o eixo do sol
sonhando um dia conquistar
o meu lugar à sombra

E o mar era tão grande!
E a minha imaginação
      tamanha
quebrava além da arrebentação
no redemoinho de uma música
           estranha

 Anda, moleque, recolhe essa rede
carrega o peixe pra tua mãe cozinhar
Era o pai me fisgando o olhar

E eu seguia suas grossas pegadas
pelos rasos caminhos de areia
ouvindo as ondas a murmurar
como o canto de uma sereia:
Caiu no mar tem que nadar...
Caiu no mar tem que nadar...
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*Claufe Rodrigues é poeta e jornalista, editor do programa Espaço aberto de Literatura na Globonews.

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