Para
Yvonne Bezerra de Mello
Em Marraquesh
há um anão
Em Marraquesh
há um anão
que
ensandece as mulheres.
Elas
vão ao banho
(dizem
aos maridos)
fazer
limpeza de pele
mas
algo a mais
ali
sucede
basta
ver como depois
além
do corpo
a
alma
lhes
vai leve.
O
segredo deste anão
está
guardado
na
palma de sua mão
pois
com seus dedos
sabe
sublimar
as
mulheres.
Elas
vêm e ele
com
silencioso gesto
pede
que se dispam
-se
despem.
se
ele dissesse: voem
voariam,
se dissesse:
dancem,
dançariam
se
dissesse: amem-me
-o
seu mínimo corpo
amariam.
Mas
pede apenas
que larguem
suas vestes
e
se deitem
à
espera
que
suas pequenas mãos
se
agigantem e abram
portas
janelas
desvãos
abismos
na
vertigem
da
viagem
dentro
da própria pele.
Quando
se despem
despedem-se
dos
maridos
e
já não mais carecem
de
amantes
é
como se Penélope
convertida
em Ulisses
nas
mãos do anão
a
Odisséia sentissem.
Ninguém
sabe
exatamente
o
que seus dedos operam.
Começa
pelos pés
e
algo vem subindo
devagar
ao leve toque
que
não toca
que
roça
mas
não fere
que
solicita
e
impera
e
vai em círculos
como
se o bem e o mal
se
transcedessem
numa
espiral
de
delícias.
Os
maridos e parceiros
ficam
no hall do hotel
bebendo
uisque
nas
quadras
jogando tênis
e
nunca saberão
o
que ocorreu
ao leve toque
daquelas
pequenas
potentes
suaves
suaves
mãos.
Finda
a massagem
(nome
conveniente
à
transfigurante
viagem)
as
mulheres reaparecem
translúcidas
caminhando
a
um centimetro do chão
irrompem
inalcançáveis
como
se tivessem
tido
uma visão.
Aos
maridos não adianta
qualquer
explicação.
Há
na pele da alma delas
algo
de que jamais
se
esquecem:
o
irrepetÍvel toque dos dedos
e
das mãos
do
anão de Marraquesh.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
http://twitter.com/Menalton_Braff
http://menalton.com.br
http://www.facebook.com/menalton.braff
http://www.facebook.com/menalton.braff.escritor
http://www.facebook.com/menalton.para.crianças