Esta coluna reúne apresentações de livros escritas por Menalton Braff.
Desinvenção do objeto
Fabiana Turci é uma tecelã. Uma tecelã que, ao tecer-se, tece seus inúmeros desobjetos. Seus procedimentos poéticos limitam-se ao norte por Carlos Drummond de Andrade e ao sul por Clarice Lispector, como quando ela diz, já no primeiro poema, “as palavras pulsam em estado nascente”, ou “Tudo o que a pedra fazia era: estava lá.” Mas a leste e oeste, a Fabiana está, por enquanto, ilimitada.
Seu projeto poético não é casual. A Fabiana, tendo norte e sul em um poeta e uma prosadora (ambos operários da poesia), atinge o esmorecimento dos limites entre verso e prosa, tendência que, a nosso ver, marcará profundamente a literatura do futuro.
Em seu livro Desobjetos, suas viagens vão além da razão aparente para buscar, com recursos como o oxímoro, o sentido verdadeiro das coisas, que está oculto. Ela desconstrói seus objetos com as palavras da definição para reconstruí-los como partes de si mesma, no que se pode chamar de subjetivização do objetivo. Um bom exemplo disso é o final do poema Árvore, onde ela afirma: “O meu jeito de folha me permite compreender: o quanto a queda é o movimento mais importante para o indizível.”
Parodiando Olavo Bilac, só quem ama a poesia é capaz de ouvir e entender suas definições, pois como ela mesma diz: “...nunca perdi esse jeito torto, de quem vê através de indefinições.”, dando-nos uma pista preciosa para desvendarmos seus caminhos.
Estamos diante de um talento indomável e o melhor que fazemos é pegar carona com ela para acompanhá-la em suas viagens.
Blog de Literatura do escritor Menalton Braff, autor de 26 livros e vencedor do Prêmio Jabuti 2000.
Páginas
- ALÉM DO RIO DOS SINOS
- AMOR PASSAGEIRO
- Noite Adentro
- O Peso da Gravata
- Castelo de Areia
- Pouso do Sossego
- Bolero de Ravel
- Gambito
- O fantasma da segundona
- O casarão da Rua do Rosário
- Tapete de Silêncio
- À sombra do cipreste
- Antes da meia-noite
- Castelos de papel
- A coleira no pescoço
- Mirinda
- A Muralha de Adriano
- Janela aberta
- A esperança por um fio
- Na teia do sol
- Que enchente me carrega?
- Moça com chapéu de palha
- Como peixe no aquário
- Copo vazio
- No fundo do quintal
- Na força de mulher
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