quinta-feira, 7 de setembro de 2017

ORELHA

Esta coluna reúne apresentações de livros escritas por Menalton Braff. 
Desinvenção do objeto

Fabiana Turci é uma tecelã. Uma tecelã que, ao tecer-se, tece seus inúmeros desobjetos. Seus procedimentos poéticos limitam-se ao norte por Carlos Drummond de Andrade e ao sul por Clarice Lispector, como quando ela diz, já no primeiro poema, “as palavras pulsam em estado nascente”, ou “Tudo o que a pedra fazia era: estava lá.” Mas a leste e oeste, a Fabiana está, por enquanto, ilimitada.

Seu projeto poético não é casual. A Fabiana, tendo norte e sul em um poeta e uma prosadora (ambos operários da poesia), atinge o esmorecimento dos limites entre verso e prosa, tendência que, a nosso ver, marcará profundamente a literatura do futuro.

Em seu livro Desobjetos, suas viagens vão além da razão aparente para buscar, com recursos como o oxímoro, o sentido verdadeiro das coisas, que está oculto. Ela desconstrói seus objetos com as palavras da definição para reconstruí-los como partes de si mesma, no que se pode chamar de subjetivização do objetivo. Um bom exemplo disso é o final do poema Árvore, onde ela afirma: “O meu jeito de folha me permite compreender: o quanto a queda é o movimento mais importante para o indizível.”

Parodiando Olavo Bilac, só quem ama a poesia é capaz de ouvir e entender suas definições, pois como ela mesma diz: “...nunca perdi esse jeito torto, de quem vê através de indefinições.”, dando-nos uma pista preciosa para desvendarmos seus caminhos.

Estamos diante de um talento indomável e o melhor que fazemos é pegar carona com ela para acompanhá-la em suas viagens.

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