quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

ORELHA

Esta coluna reúne apresentações de livros escritas por Menalton Braff.
O Poeta

O poeta é sua poesia porque são duas instâncias que não se podem separar. E assim como Antônio Ventura está em sua poesia, sua poesia está em Antônio Ventura. “Como é fabuloso ser eu, e não o outro.”, diria Ventura em um de seus poemas curtos, uma declaração que por si revela o quanto o poeta se desnuda em poesia. Seu sangue, vermelho e quente, percorre os versos e mantém a pul(sa)ção poética, este impulso a que o verdadeiro poeta não resiste.

A esse poeta cuja essência é o lirismo, entretanto, sucede o homem irreverente em longos poemas, de versos também longos, em que transparece Rimbaud, o poeta maldito de talento irrefreável. Assim como na poesia do decadente francês, a leitura da poesia de
Antônio Ventura muitas vezes pode ser iniciada pelo fim, pelo meio e até pelo início mesmo. E isso o torna um dos maiores expoentes rimbaudianos entre nós.

Em outros momentos, e ainda com suas raízes na decadência francesa de fins do século XIX, vamos encontrar Antônio Ventura praticando a prosa poética em que a volúpia da palavra suplanta qualquer necessidade de informação. A dimensão estética não sofre a concorrência de qualquer outra área, pois é a isso mesmo que se chama poesia.

Em versos longos ou curtos, em prosa ou verso, mas sobretudo nos versos longos  em sua maneira de fazer prosa, uma das fortes tendências de Antônio Ventura é o trabalho com a escrita automática, o fluxo da consciência, à maneira surrealista.

O poeta não se filia a uma corrente, a uma estética determinada, porque sua síntese é o que se pode chamar de poesia moderna.

(Menalton Braff)

Título: O catador de palavras
Autor: Antonio Ventra
Gênero: Poesia

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