sábado, 10 de março de 2018

INÉDITOS

Até dias atrás, Menalton Braff nos contou, na coluna MOTIVOS, o que o levou a escrever cada um dos seus 24 livros já publicados. A partir de agora, o título da coluna passa a ser INÉDITOS e as obras apresentadas serão aquelas que ainda não foram publicadas.

Cenas de um amor imperfeito

Penso que a vida, o mundo que nos rodeia, esteja abarrotado de assuntos, histórias que expressas com linguagem literária podem transformar-se em discurso literário. É evidente que a pura reprodução, o simples relato dos fatos, não conseguirá atingir o estatuto de literatura. Literatura não é feita de fatos senão de palavras.


Mas então, do que mais se forma uma narrativa para que seja literária? A imaginação cria as lacunas que geralmente encontramos na realidade. O pensamento das personagens, por exemplo, quase sempre deve contar com a imaginação do autor. Fatos, detalhes ambientais assim como uma infinidade de outros elementos só são possíveis através da imaginação ou da memória do autor que deverá organizá-los de forma literária.


E se a imaginação é um dos fatores determinantes de um discurso narrativo literário, há que contar também com as leituras do autor. Muitas vezes um texto de terceiros sugere um novo texto do autor. Assim, a vida como a própria literatura são matérias com que vai contar um autor para a produção de sua obra.

Cenas de um amor imperfeito nasceu de notícias que tive de um casal cuja esposa era amiga de minha mulher. Casou por dó de um rapaz que se dizia abandonado. Primeiro tornaram-se amigos, mas como
os vizinhos e conhecidos começaram a maldar aquela relação, por pura rebeldia a moça resolveu casar com o rapaz.

Ocorre que havia um grande desnível cultural/intelectual entre os dois. Ela com curso superior e ele mal terminado o Ensino Fundamental II.

Não combinavam nos programas, nas leituras, nos valores. E eis que o ácido do ciúme começou a azedar as relações, que por fim, só eram possíveis na cama. Começam as dissenções, atritos muito violentos. Ele ameaça ir embora, mas não vai porque ela o cobre de bens materiais. Mas ameaça fugir, outras vezes, avisa que vai suicidar-se. A esposa quer o divórcio mas reluta ante as ameaças do marido. Ela se recusa a ser a causa de seu suicídio.

Esse drama, fiquei conhecendo mais ou menos assim pelos relatos que minha mulher fazia da vida que sua amiga levava, sufocada pela situação, sem saber o que fazer. Claro que ficcionalizei a história dando a ela um curso, sobretudo no final, que já foi inteiramente invenção.

O livro está com contrato firmado por uma editora, mas os prazos estão estourados e vou ter de tomar alguma providência. Rompi o contrato por não cumprimento dos prazos. Os originais continuam virgens.

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