quarta-feira, 4 de abril de 2018

CANTIGAS DE AMIGOS

ERA UMA VEZ EU
(Nic Cardeal*)

Era uma vez Eu.
Não tenho a mínima ideia de como (ou quando) comecei.
Não sei quando (ou como) vou terminar.
Entre um momento e outro
vou vivendo.
Não se trata de mim, neste corpo.
Não se trata de nós, neste plano.
Entrego à matéria o que lhe compete.
Faço minhas as palavras do vento.
Não se trata de tempo.
Tampouco de espaço.
Espaço e tempo se pertencem.
Universos mútuos.

Era uma vez Eu.
Longe daqui.
Tão perto.
Dentro.
Entre um ponto e outro não existo.
Sou vento.
Universos paralelos.

Entre o côncavo e o convexo
sou o canto do ângulo.
Na soma do quadrado dos catetos
me multiplico.
Sendo em tudo e em todos, desintegro.
Não se trata de pensamento.
Tampouco de esquecimento.
Entre uma coisa e outra não resisto.
Sou rebento.
Nascedouro de sonhos.
Quintal na casa da alma.
Sementes de estrelas
e uma Lua branca sempre acesa,
sonhando com a colheita.

Era uma vez Eu.

* Nic Cardeal - minibiografia: Na grafia da vida que se fez minha, não sei dizer ao certo a que fim eu vim. Só sei que vim. Nascida depois de um ovo partir-se ao meio, cheguei ao planeta em parceria. Talvez por medo de descer por aqui sozinha. Andei por lugares diversos, contei estrelas, juntei pedrinhas (e livros) pelos caminhos. Sou desajeitada. Calada. Quase esquisita. Minha voz tem som de silêncios. Enquanto não consigo dizer-me muito, faço de conta que me faço em palavras. Por isso escrevo: meu manual de sobrevivência. Meus escritos estão compilados na página do facebook: ‘Escrevo porque sou rascunho’ (https://www.facebook.com/Niccardealpoesias/)







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