Noite Adentro (Global Editora, 2017) é o volume que encerra a trilogia Tempus fugit, de Menalton Braff, iniciada com Tapete de Silêncio (Global, 2011), sequenciada por Pouso do Sossego (Global 2015). Como eu disse em artigo anterior, a expressão latina que nomeia a trilogia é de um poema de Horácio, do livro Odes Epicuristas e nos alerta sobre a inexorabilidade e a fugacidade do tempo.
Desde Tapete de Silêncio já se nota que é uma obra surpreendente, empregando ricos procedimentos literários com técnicas narrativas diferentes. A trama se passa num povoado Pouso do Sossego; o nome do lugar é uma metáfora, pois nesse microcosmo vivem as personagens principais e as secundárias, em um mundo repleto de medos, cismas e dúvidas. Os acontecimentos de uma noite trágica são narrados em capítulos e Coros: os primeiros narram fatos atuais, contados pela personagem Osório, em primeira pessoa, os segundos, com foco narrativo em terceira pessoa, elucidam episódios do passado.
No segundo livro da trilogia, Pouso do Sossego, apesar da trama sequente e a repetição de algumas personagens, o que mais atrai é uma análise psicológica minuciosa e detalhada de Lúcia, aparentemente verdadeira marionete nas mãos do pai, Dr. Madeira, pai- monstro que, na sua megalomania, obriga Lúcia a aceitar um casamento, que pretensamente lavará sua honra. É uma obra finamente arquitetada na investigação da alma humana em sua complexidade.
Em Noite Adentro, volume que encerra a trilogia, a personagem central é Sophia, no alumbramento da experiência de conhecer seu pai, Amâncio, agora homem livre após vinte anos de prisão. Esses capítulos são narrados em primeira pessoa, intercalando capítulos em terceira, quando se sobressai o tumultuado e misterioso universo dos donos do poder, em Pouso do Sossego, localidade em que a trilogia está assentada.
Poder-se-ia dizer que são dois romances, em Noite Adentro. Os capítulos com a narrativa em primeira pessoa são muito atraentes, pela análise psicológica profunda das personagens principais, Sophia e Amâncio. Interessante notar a escolha criteriosa da onomástica de Sophia¬ – nome de origem grega, que quer dizer literalmente “sabedoria”. Ora, a personagem central do romance inicia uma viagem com o pai, para conhecê-lo profundamente, devolvendo-lhe a vida, humanizando-o.
Os capítulos narrados em terceira pessoa são um romance policial, repleto de desafios de personagens que tentam lidar com os efeitos das decisões tomadas num passado que, mais do que nunca, insiste em se fazer presente. É um verdadeiro jogo de luz e sombra, no qual o leitor deve participar com lucidez, para não perder ricos detalhes.
Ao todo são trinta capítulos; no vigésimo nono há que se realçar o final perfeito da morte de Osório, conturbada personagem importante na trama. O último capítulo, o trigésimo, é curto e denso. O último parágrafo, verdadeira obra-prima, é uma chamada à vida de Sophia, ao pai, enfatizando a complexidade do convite, trecho muito universal, metafísico, filosófico, enriquecido com belas metáforas de significado profundo.
Sempre que se lê um romance de Menalton Braff, há um embate, um choque ou encontro impetuoso de leitor, diante da atração pela trama e o fascínio pela rica linguagem do autor. Raro estilista, com uma linguagem perfeita, há na trilogia uma característica na qual o autor se sobressai: uma liberdade arrojada, mesclando toques de oralidade, com o repetido emprego da próclise, no início das orações, brincando às vezes com a semântica, violentando-a.
Ao mesmo tempo, realce-se a rara beleza de descrições concretizando sensações, como no início do capítulo dez. Somente um mestre da língua e da criatividade seria capaz de produzir tal beleza. Enfim, pode-se afirmar sem erro, que não se sabe o que é mais atraente na trilogia de Menalton: a trama inteligente, a riqueza dos procedimentos literários ou a linguagem rica com as sutilezas ousadas do grande Mestre.
Desde Tapete de Silêncio já se nota que é uma obra surpreendente, empregando ricos procedimentos literários com técnicas narrativas diferentes. A trama se passa num povoado Pouso do Sossego; o nome do lugar é uma metáfora, pois nesse microcosmo vivem as personagens principais e as secundárias, em um mundo repleto de medos, cismas e dúvidas. Os acontecimentos de uma noite trágica são narrados em capítulos e Coros: os primeiros narram fatos atuais, contados pela personagem Osório, em primeira pessoa, os segundos, com foco narrativo em terceira pessoa, elucidam episódios do passado.
No segundo livro da trilogia, Pouso do Sossego, apesar da trama sequente e a repetição de algumas personagens, o que mais atrai é uma análise psicológica minuciosa e detalhada de Lúcia, aparentemente verdadeira marionete nas mãos do pai, Dr. Madeira, pai- monstro que, na sua megalomania, obriga Lúcia a aceitar um casamento, que pretensamente lavará sua honra. É uma obra finamente arquitetada na investigação da alma humana em sua complexidade.
Em Noite Adentro, volume que encerra a trilogia, a personagem central é Sophia, no alumbramento da experiência de conhecer seu pai, Amâncio, agora homem livre após vinte anos de prisão. Esses capítulos são narrados em primeira pessoa, intercalando capítulos em terceira, quando se sobressai o tumultuado e misterioso universo dos donos do poder, em Pouso do Sossego, localidade em que a trilogia está assentada.
Poder-se-ia dizer que são dois romances, em Noite Adentro. Os capítulos com a narrativa em primeira pessoa são muito atraentes, pela análise psicológica profunda das personagens principais, Sophia e Amâncio. Interessante notar a escolha criteriosa da onomástica de Sophia¬ – nome de origem grega, que quer dizer literalmente “sabedoria”. Ora, a personagem central do romance inicia uma viagem com o pai, para conhecê-lo profundamente, devolvendo-lhe a vida, humanizando-o.
Os capítulos narrados em terceira pessoa são um romance policial, repleto de desafios de personagens que tentam lidar com os efeitos das decisões tomadas num passado que, mais do que nunca, insiste em se fazer presente. É um verdadeiro jogo de luz e sombra, no qual o leitor deve participar com lucidez, para não perder ricos detalhes.
Ao todo são trinta capítulos; no vigésimo nono há que se realçar o final perfeito da morte de Osório, conturbada personagem importante na trama. O último capítulo, o trigésimo, é curto e denso. O último parágrafo, verdadeira obra-prima, é uma chamada à vida de Sophia, ao pai, enfatizando a complexidade do convite, trecho muito universal, metafísico, filosófico, enriquecido com belas metáforas de significado profundo.
Sempre que se lê um romance de Menalton Braff, há um embate, um choque ou encontro impetuoso de leitor, diante da atração pela trama e o fascínio pela rica linguagem do autor. Raro estilista, com uma linguagem perfeita, há na trilogia uma característica na qual o autor se sobressai: uma liberdade arrojada, mesclando toques de oralidade, com o repetido emprego da próclise, no início das orações, brincando às vezes com a semântica, violentando-a.
Ao mesmo tempo, realce-se a rara beleza de descrições concretizando sensações, como no início do capítulo dez. Somente um mestre da língua e da criatividade seria capaz de produzir tal beleza. Enfim, pode-se afirmar sem erro, que não se sabe o que é mais atraente na trilogia de Menalton: a trama inteligente, a riqueza dos procedimentos literários ou a linguagem rica com as sutilezas ousadas do grande Mestre.
(*)Ely Vieitez Lisboa: escritora com 14 livros publicados, articulista de vários jornais, crítica literária.
E-mail: elyvieitez@uol.com.br
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