terça-feira, 10 de julho de 2018

LANÇAMENTO À VISTA

Quem conta um conto

Vem aí um novo livro de contos que acaba de entrar no prelo pela Editora Reformatório 

Já tratei aqui deste mesmo assunto, mas houve algumas alterações que me fazem voltar ao conto. A morfologia do conto, suas principais características, são coisas conhecidas por praticamente todos aqueles que produzem literatura e/ou que circulem em seu entorno. O que me faz voltar ao assunto é um dos aspectos da criação do conto.

Há autores que trabalham uma série de textos com vistas a um livro. Isso dá quase sempre alguma unidade aos contos, seja de personagens, de espaço, tema, ou apenas estilo. Pra ficar com apenas dois casos, cito o Ruffato e o Autran Dourado. Histórias de Remorsos e Rancores e Os sobreviventes, os dois primeiros livros do Ruffato, são formados por várias histórias com as mesmas personagens, que se alternam como protagonistas. Além disso, todas as histórias se passam em Cataguazes-MG, e imagino que ali pelas imediações do rio Pomba. No caso do Autran Dourado os modos faciendi mudam um pouco. Ao ponto de alguns críticos consideraram O risco do bordado um romance. Aquele menino contracenando com Zito e Zózimo, o avô  e tantas personagens mais até certo ponto justificam tal qualificação. Mas no que tange à narrativa, à efabulação, o que se tem é uma série de histórias não articuladas o que me dá o direito de considerar o livro uma coletânea de contos. Mesma família, mesmo espaço, mesma época, mas não existe uma célula dramática central.


Pois bem, não sei trabalhar assim. Não tiro o mérito dos livros considerados, mas trabalho de maneira diferente. Faço o que sei fazer. “Falo somente com o que falo.” O conto, no meu caso, vem de estalo. Ele nasce de uma iluminação. Não me sento na cadeira para escrever um conto. Ele é que me derruba na frente do computador. Como ele nasce? Não sei. Ele nasce. Na experiência diária, no convívio com as pessoas, nas leituras diárias ele se mostra sem necessidade de procurá-lo. Com isso, penso estar justificando a diversidade de temas, estilo, formas de expressão que são encontrados em meus livros de contos. Suas motivações estão presas a certas circunstâncias variáveis, que não domino, que
não escolho.

Vou escrevendo e guardando. Não estou preocupado com publicação. A expressão de um momento, ou a impressão, eis o que me leva a escrever. Pois bem, chegou então a hora de explicar a causa de todas essas declarações iniciais. Em um texto anterior, falei de um livro: Último domingo de outubro. Depois daquele texto, andei produzindo alguns contos mais. O título que havia escolhido foi criticado, foi discutido e acabei concordando em mudar.

A coletânea já tem contrato assinado. Encontrei o Marcelo Nocelli, editor da Reformatório, que se interessou em publicar o livro. Havia um conto com alguma incoerência, havia o título que já não estava mais agradando, havia contos a retirar da coletânea e outros a acrescentar.

Então me pus a trabalhar. Os originais já estão com a Editora. Seu título: Amor passageiro. Ele deve sair do forno ainda no segundo semestre de 2018.

Solidão, relações familiares, amor, descaminhos, o olho da morte, sátira de costumes,
incomunicação são alguns dos temas tratados em contos realistas, alguns com traços do absurdo, e outros com alguma incursão no fantástico.

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