Esta coluna reúne textos de Menalton Braff sobre seus livros inéditos.
O
julgamento de Teodoro
Vivendo por aí como ser
humano com suas necessidades vamos gravando fatos que nos rodeiam porque assim
é o mundo. Não escolhemos o que ver e sentir, mas estamos sempre de antenas
ligadas para captar o que nos rodeia. Não com o propósito de registrar tudo em
forma de palavras. Os fatos nos seguem, lá no fundo do inconsciente, mas às
vezes afloram com a força de presente.
Foi o que me aconteceu:
há muitos anos assisti à degola de um professor por questão ideológica,
religiosa. Foi quando me dei conta de que a “liberdade religiosa” em nossa
sociedade é bem relativa. Aceita-se que qualquer pessoa escolha sua religião,
mas não se aceita a pessoa que se recusa a uma escolha. A não-religião está
fora da curva da liberdade.
O Teodoro foi julgado e
defenestrado. Por quê? Porque nosso povo é extremamente intolerante. Qualquer
rusga com seus valores, uma verdadeira fúria assassina contra o recalcitrante,
aquele que se recusa a entrar para o rebanho.
Claro que todos os dados que representem as figuras de uma
narrativa do real foram modificados. O enredo, a história escrita, fogem
inteiramente de qualquer identificação, são frutos de imaginação.
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