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sábado, 19 de janeiro de 2019

INÉDITOS

Esta coluna reúne textos de Menalton Braff sobre seus livros inéditos. 


O julgamento de Teodoro

Vivendo por aí como ser humano com suas necessidades vamos gravando fatos que nos rodeiam porque assim é o mundo. Não escolhemos o que ver e sentir, mas estamos sempre de antenas ligadas para captar o que nos rodeia. Não com o propósito de registrar tudo em forma de palavras. Os fatos nos seguem, lá no fundo do inconsciente, mas às vezes afloram com a força de presente.

Foi o que me aconteceu: há muitos anos assisti à degola de um professor por questão ideológica, religiosa. Foi quando me dei conta de que a “liberdade religiosa” em nossa sociedade é bem relativa. Aceita-se que qualquer pessoa escolha sua religião, mas não se aceita a pessoa que se recusa a uma escolha. A não-religião está fora da curva da liberdade.

O Teodoro foi julgado e defenestrado. Por quê? Porque nosso povo é extremamente intolerante. Qualquer rusga com seus valores, uma verdadeira fúria assassina contra o recalcitrante, aquele que se recusa a entrar para o rebanho.

Claro que todos os  dados que representem as figuras de uma narrativa do real foram modificados. O enredo, a história escrita, fogem inteiramente de qualquer identificação, são frutos de imaginação.

quinta-feira, 19 de abril de 2018

INÉDITO

Nesta coluna, Menalton discorre sobre cada um de seus livros inéditos.
Neblina

Neblina foi produzido como resultado de uma diversidade muito grande de ideias, lembranças, e seu início, se não me engano, não teve uma motivação muito clara.

A ideia que já me vinha de longe tentando transformar-se em alguma coisa como narrativa literária era a ideia de um retorno em que tudo parecia menor. Alguém sai de um ambiente tacanho, vê o mundo lá fora e, na volta, tem a impressão de que tudo diminuiu em seu antigo habitat. Mas não só, tudo parece coberto de bruma, tudo está obscuro.

Depois desta ideia geratriz, me pareceu que narrar a luta do herói para transformar seu antigo ambiente vai ser uma luta sem sucesso por causa do conservadorismo meio que suicida de pequenas comunidades. A falta de ligação com o mundo, com seu dinamismo, é provavelmente a causa desse conservadorismo.

Então pensei a estrutura do romance dividida em duas partes. A primeira é a chegada ao ambiente em que estivera ausente, quando se transforma uma espécie de herói; então uma segunda parte, o herói tentando mudar as coisas e encontrando a muralha do pensamento conservador que predomina na comunidade, resultando por fim em sua saída, totalmente vencido.

Progresso x estagnação talvez seja o tema principal do romance. Não sei, como acontece com mais de uma dezena de originais que mantenho em arquivos, se um dia será publicado.

sábado, 7 de abril de 2018

INÉDITO

Este blog reúne textos de Menalton Braff sobre cada um dos livros que eles já escreveu e ainda não publicou.

No galope das horas 

No galope das horas nasceu de uma história que ouvi recentemente. O que mais me impressionou do que ouvi, foi o modo como o sogro maltrata a nora. Ela acaba de perder o marido e ele acaba de perder o filho, mas do que reclama mesmo o raivoso é a perda do caminhão, em que havia investido sua pequena fortuna.

É claro que a história que me relataram teve de ser reinventada, acrescida, povoada. Tive de fazer algumas pesquisas, principalmente a respeito de caminhões, suas capacidades, sua estrutura e coisas desse naipe.

Como sempre acontece, fui logo inventando um início porque o fim já estava dado por quem me relatou os acontecimentos. Mas entre o início e o fim, há o meio, que deve levar a história ao final, e isso tive de criar na medida em que escrevia a sucessão de capítulos. Mas isso é o que geralmente acontece em meu processo de criação. O miolo, ou seja qual for o nome que se lhe dê, é a criação do momento, a ligação entre início e fim, aquilo que torna o final plausível.

Não tenho muita habilidade em construir histórias de largo espectro, mas tive de encarar o tempo, sua duré, com incidentes, cenas e panoramas que convergissem para o final pretendido.

Acho que atingi pelo menos uns 60% do que pretendia, o que já não é pouco. Acredito que vá ser muito difícil encontrar uma editora para este livro, por causa do tema que não é lá grande coisa. Não importa. Eu precisava contar a história porque estava impressionado com ela, e aí ficou este "No galope das horas".

sábado, 31 de março de 2018

INÉDITO

MELINDA

Gostei tanto do resultado da Mirinda que me ocorreu a ideia de escrever uma série com animais muito pequenos. E não tive dúvidas sobre a próxima história: Melinda.

Alguma coisa sobre abelhas me lembrava ainda da infância, na casa da minha avó paterna, que nos fundos da casa, ao lado do pomar, tinha uma série de caixas de abelhas.

Periodicamente ela extraía favos de mel que armazenava em latas de 20 litros e bacias de cera, que vendia para um atacadista local.

Mais tarde aprendi outras coisas a respeito das abelhas, como exemplo, seu modo de comunicação, que é uma dança com que indicam a direção de flores e sua distância. Há muita coisa fascinante na organização social das abelhas, suas funções.

A partir de fatos encontrados na memória, que se juntaram a outros resultados de breves pesquisas feitas recentemente, comecei a tecer a história de Melinda, uma jovem abelha que se torna bailarina.

Bem, a experiência não me pareceu positiva, pois a história foi oferecida a várias editoras que trabalham com literatura infanto-juvenil e ninguém se interessou por sua publicação.

Interessante como isso ocorre. Há anos eu tinha na cabeça a história da Mirinda e deu certo. A Mirinda foi antropomorfizada e funcionou. Quis repetir a experiência e fracassei.

Este é um dos textos, entre tantos outros, que me agrada, mas que não agrada editor algum. A Melinda vai continuar presa nesta colmeia de palavras.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

CANTIGAS DE AMIGOS

Enfim
                                      (Ruth do Carmo)
                                                                               
O silêncio que procuro,
interno, inteiro,
vem daqueles tempos em que,
marginal de mim,
vilipendiava-me por tão pouco sol.

O silêncio que encontro,
tão perto, tão leve,
vem de saneados tempos,
em que verões eram  vividos
como cinzentos invernos.

O silêncio então transporta
para o acreditado mundo,
todo sim marcado
por solidários dias,
sol e chuva de cada um
compartilhados enfim.


(22-03-2016)