segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

CARTAS DO INTERIOR

Esta coluna reúne crônicas de Menalton Braff e a de hoje é inédita.

Uma questão de cegueira


Todo mundo já falou sobre o secretário da cultura, como é mesmo o nome dele? Só me lembro do cara quando espinafrou nossa musa maior do teatro com palavras furiosas, depois, e isso recentemente, aparece ao lado do presidente recebendo elogios, mas uma figura meio apagada, um sorriso um tanto cretino, e, por fim, o secretário aparece com seu canto de sereia. Mas que pose! Rigorosamente um ser medieval com roupagem moderna, exceto o crucifixo, uma cruz missioneira, dando a entender que deveríamos voltar à ilusão jesuítica de atingirmos o paraíso na terra. Bem, então deveríamos voltar às reduções, senhor secretário?

Até aí, tudo bem, foi uma tentativa equivocada dos jesuítas, que Portugal e Espanha inviabilizaram e ninguém mais acredita na perfeição humana como os iluministas acreditavam. O que pegou, mesmo, foi a ingenuidade do dito cujo ao imitar, quer dizer, copiar um discurso do Goebels, achando que ninguém mais além dele e sua equipe conheciam o dito nazista. Aí sim, deu uma de idiota, mais que isso, revelou sua ideologia nazista.

Ora, ora, muita gente se assustou com tal revelação. A reação ao discurso do secretário, ainda não me lembrei do nome dele, o tal que espinafrou a Fernanda Montenegro, foi de A a Z. Mesmo uma parte de uma direita esclarecida, não nazista, condenou a declaração nazista. Mas o espanto foi grande, na esquerda, é claro, no centro e na direita. E é a isso que podemos chamar de questão de cegueira. O secretário foi exonerado não por divergir do pensamento geral, da ideologia predominante do governo, ele foi fritado por causa da reação das instituições e dos grupos étnicos, leia-se judeus, de quem o presidente se confessa amigo íntimo. Não conseguiu, apesar da simpatia pelas ideias do secretário, o presidente não conseguiu segurar a barra do secretário a que poucas horas antes havia chamado de verdadeiro secretário da cultura.

Em resumo, aquele carinha, que me chega a notícia de ser um dramaturgo de quinta categoria, foi fritado não por divergir do restante dos donos do poder, isso não, pelo contrário, penso até que ele seja o fenótipo do atual governo, mas como ousou dizer o que os outros, a maioria, não ousa confessar, provocou uma reação que botou medo naqueles que hoje dirigem o Brasil, com a pele da ovelha no corpo do lobo.

A esquerda vem repetindo a ideologia nazista escondida, mal escondida, pelos atuais governantes desde o primeiro dia. E muito antes ao glorificar a tortura já se podia ver com clareza para onde estaríamos sendo levados. É preciso estancar essa sangria antes que seja tarde. As milícias do Hitler agiram livremente e vocês viram no que deu.

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