Sobre Tapete de Silêncio, de Menalton Braff
Por Zé Pedro Antunes*
É mais um romance na profícua carreira literária de Menalton Braff. Afora À Sombra do Cipreste e A Coleira no Pescoço, coletâneas de contos, o romance é o gênero ao qual ele preferencialmente se dedica. Há tempos, ele nos falava de um título que lhe viera de uma expressão de uso bastante comum: “varrer alguma coisa pra debaixo do tapete”.
É significativo que o livro tenha em sua gênese a expressão popular. Ela é profundamente denunciadora dos valores mais arraigados no chamado senso comum, dá nome ao inominável, tenta dizer o que não pode ou não deve ser dito, exorcizar os melindrosos temas do convívio humano.
Em Tapete de Silêncio, um grupo de moradores de uma cidadezinha se reúne – final da noite, “um coreto cercado de chuva por todos os lados” – na praça ao lado da igreja, para uma ação da qual, enquanto ela não se dá, alguns deles sabem tão pouco quanto o leitor. À frente deles, Osório planejou e comanda, por dever de amizade com um dos poderosos locais. E é dali que eles observam o mundo.